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quarta-feira, julho 31, 2019

UM DE NÓS ESTÁ MENTINDO - KAREN M. MCMANUS

Sinopse: Cinco alunos entram em detenção na escola e apenas quatro saem com vida. Todos são suspeitos e cada um tem algo a esconder. Numa tarde de segunda-feira, cinco estudantes do colégio Bayview entram na sala de detenção: Bronwyn, a gênia, comprometida a estudar em Yale, nunca quebra as regras. Addy, a bela, a perfeita definição da princesa do baile de primavera. Nate, o criminoso, já em liberdade condicional por tráfico de drogas. Cooper, o atleta, astro do time de beisebol. E Simon, o pária, criador do mais famoso app de fofocas da escola. Só que Simon não consegue ir embora. Antes do fim da detenção, ele está morto. E, de acordo com os investigadores, a sua morte não foi acidental. Na segunda, ele morreu. Mas na terça, planejava postar fofocas bem quentes sobre os companheiros de detenção. O que faz os quatro serem suspeitos do seu assassinato. Ou são eles as vítimas perfeitas de um assassino que continua à solta? Todo mundo tem segredos, certo? O que realmente importa é até onde você iria para proteger os seus.

★★★★/5

O recesso acabou e eu jurei que ele seria mais produtivo no quesito BLOG. Fiz vários planos para atualizar todos os dias, mas não deu. Primeiro porque eu não consegui parar de ler, isso já é uma maravilha. Segundo, porque volta e meia me dá um apagão de ideias e eu não consigo falar um A sobre os livros que li.

Mas como eu sei que vocês são super pacientes comigo e me entendem, vão me perdoar pelo hiato. 

Desde que a Galera Record lançou Um de Nós está Mentindo, eu fiquei com muita vontade de lê-lo, já que envolve adolescentes, morte e mistério. Já comentei aqui que sou e sempre serei fã de Pretty Little Liars e, talvez esse tenha sido um dos motivos pelos quais eu quis tanto esse livro.

Ela é uma princesa, e você, um atleta – responde ele, apontando para Bronwyn e depois para Nate, – E você é um crânio. E também um criminoso. Vocês são todos estereótipos ambulantes de filmes de adolescentes

Quem já leu ou leu alguma resenha , sabe que não é lá das histórias mais originais. A própria autora já falou que é como se fosse um ~retalho de várias histórias em uma só.

Li muitas críticas negativas e positivas. Eu fiquei no meio. O motivo principal é que eu gosto desse tipo de leitura. Quando você chega ao final você percebe que a resposta estava logo ali no começo e pensa que, talvez se você tivesse prestado mais atenção, teria descoberto o assassino logo de cara. 

Acredito que a autora deu muitas voltas, encheu muita linguiça e que toda a história poderia ter sido resumida em bem menos páginas. De qualquer forma não é um livro grande. 

Cada capítulo é narrado do ponto de vista dos quatro alunos que estiveram reunidos na sala detenção, isso faz com que se perca um pouco da credibilidade de cada um deles. Cada um tem sua versão da história, então é complicado saber quem fala a verdade.

O legal é que no fim, mesmo sendo meio previsível, uma outra pessoa que você basicamente não acredita estar envolvida vai lá e resolve todo o mistério.

Um de nós está mentindo é uma leitura leve, porém com vários rodeios. Mas se você curte um mistério básico envolvendo adolescentes, está aí a dica.

Título original: Um de Nós Está Mentindo
Páginas: 384
ISBN: 9788501112521
Selo: Galera Record

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segunda-feira, julho 22, 2019

A IMPOSSÍVEL FACA DA MEMÓRIA - LAURIE HALSE ANDERSON

Sinopse: A adolescente Hayley Kincain e o pai, Andy, passaram cinco anos viajando de caminhão, fugindo das lembranças que os assombram. Agora, estão de volta à cidade natal de Andy para tentar levar uma vida “normal”, mas os horrores que ele testemunhou na guerra ameaçam destruir a existência de pai e filha. De mãos e pés atados, Hayley é obrigada a vê-lo ser lentamente derrotado pela depressão, e se entregar às drogas e à bebida para calar os demônios interiores. É então que seu próprio passado vem à tona, e o presente se estilhaça... anunciando um futuro totalmente incerto.O que você deve fazer para proteger a vida de seu pai quando a morte o está rondando? Que atitude tomar quando os papéis de pai e filha se invertem? E o que acontece quando aquele garoto encantador e divertido entra no seu mundo sem pedir licença e, pela primeira vez, você se vê pensando no futuro?Atual, surpreendente, irresistível, A impossível faca da memória é Laurie Halse Anderson no seu auge
★★★/5

Recebi A Impossível Faca da Memória faz uns dois meses da Editora Valentina e não esperei muito para começar a lê-lo. Quando li a sinopse eu fiquei bastante interessada, primeiro por que eu nunca tinha lido nada que abordasse o tema, segundo por que assuntos familiares são sempre delicados.

Cada família é única. Gosto de ler livros que falam sobre particularidades familiares, pois é muito fácil, para quem está de fora, julgar comportamentos dentro de uma casa. Porém, nós não convivemos com aquele grupo, então precisamos sempre pensar antes de falar o que pensamos. Não só com relação à famílias, certo?

Estou sempre em busca de livros que me mostrem pontos de vista diferentes e que me façam sair da minha bolha.

Em A Impossível Faca da Memória temos uma família diferente das que estamos acostumados. Pai e filha. Um pai que vive atormentado pelas lembranças do período em que esteve na guerra. Por si só já é um tema delicado e que, aqui no Brasil nós não vemos.

Depois de tudo o que li e assisti sobre os problemas psicológicos enfrentados por ex-combatentes, compreendo bem a dificuldade que esse pai enfrenta. Além de ter uma filha a quem cuidar e com quem se preocupar. Ou pelo menos deveria.

A depressão não é abordada diretamente durante a leitura, porém ela está lá. Depressão é uma coisa tão desgraçada que faz com que a pessoa deixe de se importar mesmo o bem estar de uma filha menor de idade, levando-o a abandonar o emprego.

Engoli o medo. Ele está sempre ali, e ou você se mantém na superfície, ou se afoga.

Apesar de ser um livro bem atraente pelo tema o qual aborda, é preciso citar que a história tinha tudo para ser emocionante e importante em um contexto geral, porém ele se perde em meio a um romance adolescente. Sim, eu gostei bastante de ler esse livro, mas não achei que o romance que Hayley se envolve não acrescenta muita coisa.

Durante muitas páginas é tudo o que temos. Aquele clichê sobre como começa um relacionamento entre adolescentes que estudam na mesma escola.

Ainda assim, não deixa de ser uma leitura emocionante. Você enxerga bem o sofrimento de Hayley e de seu pai. Sem contar que uma figura do passado reaparece para piorar as coisas.

Não é uma leitura pesada, é até tranquila de ler. Faz você pensar o que faria se estivesse ali dentro daquele livro. No geral a leitura é super válida e interessante, por isso eu digo que mesmo que você, assim como eu, não curta muito toda essa coisa adolescente, dê uma chance, pois no final você entende a mensagem principal.

Título original: A Impossível Faca da Memória
Páginas: 352
ISBN: 9788558890243
Selo: Editora Valentina

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terça-feira, julho 16, 2019

BRASILEIRO (A) É ASSIM MESMO, CIDADANIA E PRECONCEITO - JAIME PINSKY E LUIZA NAGIB ELUF


Sinopse: Este livro desvenda, de maneira clara e objetiva, as raízes e mecanismos da discriminação e do preconceito e suas implicações no exercício pleno da cidadania em nosso país. Escrito por dois militantes na luta contra a discriminação, o livro alerta contra atitudes preconceituosas e ações discriminatórias com as quais mantemos, freqüentemente, perigosa conivência. 

★★★★★/5

Estou cada dia mais convencida de que fiz a escolha certa ao criar esse blog para divulgar bons livros. Às vezes eu tento me convencer de que os preconceitos raciais, a homofobia, o machismo não são reais e que as pessoas que fazem esse tipo de coisa,  fazem unicamente para causar na internet.

Infelizmente não é bem assim. Infelizmente as pessoas conseguem atingir um nível de podridão inimaginável. Quando recebi Brasileiro é assim mesmo da Editora Contexto, pude entender como chegamos a 2019 e as pessoas ainda agem como se algumas vidas importassem menos que as outras.

O livro aborda de forma bem objetiva o quanto somos, no geral, em nosso dia a dia de fato preconceituosos.

Quando se diz, por exemplo, que toda mulher guia mal, e autor da afirmação se apresenta como homem, ele está, de fato querendo se colocar, por oposição, na condição de bom motorista, de motorista melhor que as mulheres. Mais ainda, o que ele procura é se identificar com o grupo de "homens" que, no seu discurso, forma um conjunto de motoristas superiores ao conjunto de motoristas formados pelas mulheres. Isto se constitui em atitude preconceituosa porque não há, absolutamente, nenhuma prova de que o simples fato de pertencer ao sexo feminino desenvolva nas mulheres alguma restrição intelectual ou motora que lhes dificulte a atividade de dirigir. E pode transformar-se em ação discriminatória (e, portanto, ilegal) se isso implicar em restrições à sua atividade profissional.

Confesso que estou prestes a emoldurar esse parágrafo e colocar na parede da minha casa e imprimir pequenos folhetos e entregar pela rua. É algo tão corriqueiro ouvir esse tipo de coisa que já se tornou normal. Mas eu ainda acredito que nós mulheres vamos chegar ao ponto em que não precisaremos mais lidar com frases ridículas como "só podia ser mulher".

Claro que Brasileiro é assim mesmo aborda vários outros temas com os quais estamos familiarizados. Só o título já é bastante sugestivo, concordam? Por que precisamos desse rótulo? A corrupção está cada dia mais escancarada e sendo denunciada. Não pense que só o político faz isso, viu? Levar a caneta do trabalho para casa, porque "a empresa tem muitas" é uma forma de corrupção.

Um capítulo interessante que gostei muito de ler foi "O Brasil imperial e o Brasil Real". Um capítulo curto, mas que abre nossos olhos para algo que sempre esteve aqui. Há quem diga que só os políticos de hoje nos roubam. Mas não é bem assim.

Se hoje vivemos com tantas denúncias contra a má aplicação do dinheiro público não pé com certeza, porque não houvesse corrupção naquela época, mas porque não havia liberdade de imprensa para que as denúncias fossem  publicadas. Quem se escandalizou com a ingênua e deslumbrante atitude do ex-ministro Magri ao "humanizar" a cadela levada ao veterinário em carro oficial, não teria como reclamar dos donos do poder, que cometiam arbitrariedades e irregularidades bem mais graves contando com o silêncio que o temos legitima para acobertar seus atos.

É o tipo de livro para darmos de presente para aqueles familiares sem noção, amigos que falam besteira em excesso e, também, um guia de como sermos pessoas melhores.

A Editora Contexto tem um catálogo tão incrível e tão a minha cara que não consigo expressar em palavras a gratidão por tê-la como parceira do blog.

Deixo minha recomendação aqui especialmente para o último capítulo intitulado  "O preconceito nosso de cada dia".

Título original: Brasileiro(a) É Assim Mesmo. Cidadania e Preconceito.
Páginas: 112
ISBN: 9788572440318
Selo: Editora Contexto.
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segunda-feira, julho 15, 2019

FUI - NILZA REZENDE

Sinopse: Clara é uma mulher de meia-idade que parece ter tudo que precisa para ser feliz: é professora universitária, tem uma filha com quem se relaciona bem e um ex-namorado ainda presente. Todos se surpreendem quando ela decide dar uma pausa no cotidiano e, com o pretexto de aprender Inglês, viaja a Malta – pequeno arquipélago no Mar Mediterrâneo entre a Europa e a África.

Enquanto ainda no embarque no aeroporto Galeão, o passado ronda os pensamentos de Clara. Machismo, jogos de poder, traições, desencontros. Quantas violências e opressões cotidianas cabem na história de uma mulher? A temporada na ilha de belíssimas paisagens é capaz de curar cura feridas e promover poderoso reencontro de Clara consigo mesma. Ela também se entrega, com ousadia e libertação, a paixões inesperadas.


Fui pode parecer uma versão latina de Comer, rezar e amar, o best-seller de Elizabeth Gilbert. Mas o romance da experiente escritora Nilza Rezende vai além disso. Feminista sem ser militante e doce sem ser piegas, Fui é uma viagem caleidoscópica que permite conhecer um dos lugares mais belos e interessantes do planeta, mas também faz voos sorrateiros sobre o Brasil atual. Impossível não se deixar levar pela fascinante ousadia de quem descobre que sempre é tempo de realizar seus sonhos e ser feliz.
★★★★/5

Quando recebi a proposta para ler esse livro, confesso que fiquei um pouco receosa, visto que me lembrou muito "Comer, amar, rezar". Na própria sinopse é citado. Minha experiência com o livro de Elizabeth Gilbert não foi muito boa. Na época, eu demorei para conseguir ler e, sinceramente, não gostei tanto assim.

Mas preciso dizer que foi uma grande surpresa quando cheguei ao final de Fui com a sensação de ter tido uma das melhores experiências da literatura nacional atual.

Tudo bem que o fator "escritora brasileira" contribuiu bastante para esse resultado, mas, no geral, a história de Clara é muito interessante e divertida. Fiquei pensando que poderia ser eu ali, sem uma filha, lógico.

Gosto muito de ler histórias de brasileiros que viajam para qualquer lugar no mundo. É sempre um grande aprendizado e de certa forma acabo conhecendo uma cultura diferente através das palavras do escritor. Afinal, o meu amor aos livros é basicamente por esse motivo.

Os capítulos são bem curtos, coisa de duas páginas e você se prende naquele momento da leitura, você se envolve com os personagens. Além disso, um dos motivos pelo qual aceitei a recomendação de leitura pela Oasys - grande parceira aqui do blog - foi a frase "feminista sem ser militante e doce sem ser piegas".

Já comentei algumas vezes aqui no blog que sou sim feminista, porém não sou militante, então logo de cara me identifiquei; e sobre ser doce sem ser piegas? Nem preciso explicar.

Em vários momentos, a Clara conta situações em que passou durante sua viagem em que o machismo estava lá, presente e bem parecido com o que muitas de nós mulheres já passamos sem nem perceber.

O mundo é machista: quando se está sozinha e se é mulher, reservam para você o pior lugar. Sabem que você é bobinha e ficará constrangida de reclamar; enquanto aquele canto bem melhor, no hotel ou no restaurante, ficará disponível a homens ou a famílias, com potencial de consumo muito maior do que o seu e também, obviamente, com uma voz mais grossa para fazer barulho.

Eu gostaria de colocar aqui nesse post todas as frases de impacto que marquei no livro, mas ai eu teria que copiar basicamente o livro todo. É cada frase que em poucas linhas te ensinam tanto que chega ao fim da leitura você quer ser uma pessoa diferente.

Mandamento 2: Não aceite qualquer coisa que te derem. Veja, compare, busque o quarto de hotel, a mesa no restaurante, o canto do escritório mais conveniente a você. Não deixe passar, o prejuízo pode ser fatal.
____
Mandamento 20: Sorria na foto e na vida! Não há limite de idade para sorrir. Smile!
Sem dúvida foi um dos livros mais inspiradores que li esse ano. Não é só sobre viagem. É sobre liberdade, é sobre ser mulher e forte. É sobre viver da melhor forma e sobre escolhas.

No final das contas você percebe que não existe uma idade mínima para mudar sua vida.

Quero finalizar dizendo que o exemplar que ganhei da Oasys já tem um destino e depois outros: vou emprestá-lo a algumas mulheres incríveis da minha vida que precisam passar pela experiência de ler Fui, para que se inspirem também e sintam que ainda vale a pena lutar.

Título original: FUI
ISBN: 9788559080384
Selo: Tinta Negra.
Ano: 2019
Compre na Travessa.

segunda-feira, junho 10, 2019

LIVRO | QUANDO NINGUÉM EDUCA: QUESTIONANDO PAULO FREIRE - RONAI ROCHA

Sinopse: A crise na educação brasileira é inegável. A baixa qualidade das aprendizagens, a estagnação do desempenho escolar nos testes padronizados, a pouca relevância do aumento dos anos de estudo na vida do aluno, a crescente evasão escolar em todos os níveis, o aumento da distorção idade-série e tantos outros problemas são evidências disso. Mas onde se localizam as raízes teóricas da atual crise educacional que vivemos? Neste livro, o professor Ronai Rocha se dedica a desvendar e a compreender o pensamento teórico dominante no cenário educacional e pedagógico brasileiro. O autor realiza um movimento esclarecedor sobre as raízes da reflexão sobre educação no país, que incidem até hoje na formação de nossos professores. E mostra como uma maneira peculiar de ler Paulo Freire afeta o ensino no Brasil.


A Editora Contexto conta com um catálogo incrível para a formação de professores. Preciso me controlar para não pedir sempre os livros dessa seção, já que sou da área de educação e estou sempre buscando atualizações sobre o assunto.

O momento em que vive o Brasil atualmente é bem complicado para criticar ou defender ideias e digo que o professor Rocha foi bem corajoso ao trazer uma reflexão a respeito do modo como se lê Paulo Freire. Embora o livro seja de 2017.

Extremamente adequado aos dias atuais, ele propõe uma análise da forma como as ideias de Paulo Freire são aplicadas ao dia a dia escolar. Para quem não sabe, Freire é patrono da educação brasileira e era um grande pensador, estudado e admirado no Brasil e no mundo. Porém, tendo como base um pensamento socialista, ele propôs muitas ideias que, eu como professora atuante em sala de aula, acredito, estão sendo mal utilizadas.

Ao dizer em suas obras que "ninguém educa ninguém", Paulo Freire fez com que muito da autoridade do professor fosse anulada. Essa era intenção dele? Certamente não, porém a interpretação que se faz hoje dos textos dele são errôneas. 

É aquela velha história: a teoria é linda. Quando você vê na prática, temos alunos desrespeitosos, desinteressados e que mal mal estão aprendendo a escrever o próprio nome. Sim, já vi aluno errar a escrita do nome. 

Quero destacar, também, que muito do que Ronai Rocha propõe em seu estudo, vai contra muito do que eu penso. Por exemplo quando ele cita que a universalização do acesso à escola nos trouxe uma educação de baixa qualidade. A forma como ele coloca me fez entender que a escola não deveria ser para todos, mas continuar como era no passado, apenas para uma pequena parte da população. Corrijam-me se eu tiver entendido errado.

Além disso, ele cita que a escola é, por natureza, conservadora. É como se ele dissesse que a a escola - e o currículo - funcionavam antes e agora, depois que passou a ser mais democrática e acessível é que "desandou".

Confesso que tenho um problema muito sério em relação ao pensamento Freiriano, porém, sigo acreditando que é melhor que todos tenham acesso à educação, independente de ela ser boa ou não.

Para mim o pior de se ter o pensamento crítico social dos conteúdos como base, é que realmente você perde um pouco da autoridade enquanto educador, além de que a maioria das pessoas acreditam que o professor é responsável por 100% da educação da criança.

É um livro interessante, que traz uma reflexão muito boa a respeito do nosso sistema educacional atual e que, claro, tem pontos a discordar. Discordar é bom, gente. Você não precisa aceitar tudo o que te mostram como verdade. Você conhece a teria da caixa de bombom? Tem um vídeo no Youtube que explica essa metáfora e é a que eu levo para a minha vida. 

Nunca aceitar totalmente as ideias impostas e sigamos questionando tudo e todos.

Título original: Quando ninguém educa, questionando Paulo Freire

Páginas: 160
ISBN: 9788552000174
Selo: Editora Contexto.

segunda-feira, junho 03, 2019

LIVRO | TELEFONE SEM FIO - VERA HELENA ROSSI

Sinopse: É a história de Alma. Alma Pontes. Da tenra infância à idade adulta. Do telefone cinza ao aparelho celular. Inicia-se com a pequena menina estrábica, que aprende a mentir na brincadeira de telefone sem fio e que revida da vida ao cuspir nos sapatos engraxados de um homem estranho que se intitula 'pai'. Desenrola-se com a garota que possui relacionamentos com uma semelhança suspeita, sempre em paralelo, aos relacionamentos de seu irmão Mauro. Até chegarmos à narradora do início com o rosto refletido em um retrovisor, buscando sentidos no oráculo pagão que é a internet.
Uma tentativa de explicação ao que é tão difícil de explicar, tendo como pano de fundo os principais acontecimentos brasileiros dos anos 90 a 2000. Que passa pelo plebiscito sobre a monarquia; pela moda de dançar lambada, enquanto muitos tinham as economias ceifadas pelo Plano Collor; pela morte de PC Farias; pelo pedido de impeachment de Celso Pitta; pelo racionamento de energia durante o governo de FHC; pela eleição do Lula; pelo advento da internet. A narrativa traz muito sobre o modo de viver da classe média na cidade de São Paulo: a formação escolar, os apartamentos, as festinhas, as aulas de inglês, a faculdade, os empregos de vendedora no shopping, de jornalista, de professora de história, os freelas, as incertezas do quê pensar, com quem dormir, onde morar. (Por Ana Rüsche)

Faz um tempo que finalizei a leitura de "Telefone sem fio" e demorei para postar, porque confesso que ando meio desanimada com a vida. Mas isso é meio que normal por aqui. 

Para ser sincera, não é desânimo. Depois de um tempo me deu um bloqueio criativo e não estava conseguindo colocar as palavras para fora. Ultimamente estou assim, mas vamos falar de livros, porque isso sim me anima mais que tudo.

Recebi da Oasys Cultural o livro Telefone sem fio da escritora Vera Helena Rossi e eu adorei cada página. Mais uma vez fica aqui minha gratidão eterna à Oasys por me permitir conhecer escritores nacionais incríveis e que infelizmente não conhecia antes.

A Vera tem uma escrita singular. Em "Telefone sem fio" acompanhamos a história de Alma Pontes, onde ela mescla relatos de sua vida desde a infância até a vida adulta, e conversas atuais, dirigidas em muitos momentos ao leitor. Particularmente gosto muito desse tipo de escrita, em que o leitor faz parte daquele enredo.

Alma, desde pequenininha, gostava de brincar de telefone sem fio, lembram disso? Para quem chegou depois, nada mais é do que uma frase simples que é passada de ouvido a ouvido, por várias pessoas e no final é revelada qual era a frase inicial.

O interessante é que normalmente essa frase não chega como era no começo. E, aliás, para Alma o legal da brincadeira era justamente mudar alguma coisa ali no meio do caminho.

Alma Pontes nos conta sua história de uma forma que você acaba se identificando com aqueles conflitos internos vividos ao longo da vida. Como os nosso relacionamentos nos moldam e afetam nossa vida adulta. Como jornalista, a escrita é bem presente na vida dela e, no caminho para o cemitério ela decide relembrar várias fases de sua existência que a levaram até aquele momento.

Carlos desliza as mãos grandes sobre o volante. Desligo o rádio. Não sou sempre assim. Particularmente hoje guardo em mim uma porção horrorizada e desconfortável de mim mesma. Se soubesse que algum dia tivesse que passar por isso, talvez terminasse tudo antes. Mas agora, do que de resto ainda sou, consigo apenas me prender a esta imagem que me foge e a este riso filhadaputa. Não quero pensar, desabafar silenciosa isso de inexato que me acaba. Depois do que me ocorreu de madrugada, descobri que meu único desejo é narrar de alguma forma do que sou feita, rabiscar meu passado com a mão esquerda no intento de compreender a razão do meu choro seco.

A narrativa se passa desde o ano de 1990 até 2010, portanto, várias situações importantes no Brasil daquela época são relembradas. A profissão de jornalista faz com que ela conte muito daquela época. Os anos 90 foram um marco na nossa história. Tivemos o caso PC Farias, o confisco das poupanças, e tudo isso é citado em seus relatos.

Alma, vivendo com sua mãe, a quem chama carinhosamente de senhora da sombra larga, e seu irmão Mauro passaram por muita coisa. Ela e o irmão sempre foram bem  infelizes nos relacionamentos amorosos - o que acaba sendo um ponto importantíssimo de sua vida -, mas sempre tiveram boas amizades. 


Foi um livro muito gostoso de ler e o final foi emocionante, apesar de você conseguir imaginar ao longo da leitura de quem é o enterro que Alma está indo. 

Deixo aqui a minha indicação da semana e torço para que vocês se interessem por "Telefone sem fio". É um livro que faz você se apaixonar de verdade pela literatura nacional, pela riqueza que nós temos e normalmente não damos o real valor merecido.

À escritora (Vera): Obrigada por esse livro existir.

Título original: Telefone sem fio
Páginas: 216
ISBN: 9788582970850
Selo: Editora Patuá.

segunda-feira, abril 29, 2019

LIVRO | MULHERES NOS ANOS DOURADOS - CARLA BASSANEZI PINSKY

Sinopse: Não faz tanto tempo as mulheres eram classificadas em categorias como a “boa esposa”, a “moça de família”, a “leviana”, a “outra”, a “jovem rebelde”, a “rainha do lar”. Isso foi nos chamados Anos Dourados, apelido nostálgico do período que vai de 1945 a 1964 no Brasil. Neste livro fascinante a historiadora Carla Bassanezi Pinsky revela figuras de um tempo em que casar era indispensável, traições masculinas eram perdoadas em nome da harmonia conjugal e bons eletrodomésticos deveriam compensar a monotonia da existência das mulheres. Será que a sociedade mudou tanto de lá pra cá?
Estamos em uma época em que muito se fala em feminismo e luta de minorias, mas a maioria de nós mal sabe onde e por que tudo começou ou mesmo pelo quê estamos lutando.

Quero aqui deixar uma coisa clara que ninguém perguntou, mas eu sigo achando importante falar: eu não costumo levantar bandeira, nem ir para as ruas. Você vai me ver sim falando com frequência em assuntos como "leia mulheres", "mulheres, unam-se", "poder feminino", mas eu sou uma mulher que adora ser mulher e que ainda assim vive inúmeros problemas femininos, tais como ter 30 anos e não ser totalmente independente do meu marido (ele dirige, eu não).

Mesmo não gritando aos quatro ventos, eu defendo o movimento e luto pelo meu espaço nesse mundão.

Além do mais, sou uma mulher que cresceu em um lar cristão, branco, hétero e conservador, ou seja, tudo o que é o "certo", portanto preciso me desconstruir a cada dia. Não desistam de mim e é por isso agarro cada oportunidade de aprender como foi/é nosso papel na sociedade.

Em Mulheres nos Anos Dourados podemos dizer que temos uma compilação de absurdos que deveriam ter ficado em uma época, mas que se perpetua até hoje, talvez em menos intensidade, mas com grande impacto.

O famoso "Jornal das Moças" ditava como deveria ser o comportamento das meninas da época, o que não é tão diferente das revistinhas teen que existiam até alguns anos atrás.


Enquanto fazia a leitura, eu lembrava de quando eu era criança e ia para a igreja evangélica. Não quero falar mal, mas passei por péssimas situações dentro da igreja, principalmente quando o assunto era ser "mulher" (entre aspas, visto o fato que eu era uma crianças, mas era tratada como uma adulta). 

Muita coisa descrita ao longo de todo o livro, inclusive as piadas, que acontecia lá em 1950, acontecia ainda em 2002 no ambiente cristão. Era tudo tão parado no tempo. Uma roupa ditava quem você era.

Isso sem mencionar o papel das esposas. Impressionante o número de mulheres que me recordo hoje em dia que naquela época passavam por situações humilhantes apenas pelo fato de que deviam submissão ao marido. Os anos dourados devem ter sido duros e ainda bem que os tempos mudam.

Mulheres nos Anos Dourados é uma leitura incrível para que possamos aprender com o passado. É importante saber como foi antes para não cometermos os mesmos erros hoje em dia e também para notarmos o quanto a sociedade muda e evolui. Legal seria se todos lesse essa obra maravilhosa.

Claro que o livro trata de muitos outros assuntos, como namoro, infidelidade, métodos anticoncepcionais, sexualidade, etc. Apesar de muita opressão, também  tivemos muitas conquistas nessa época, no Brasil em 1960 chega a pílula anticoncepcional e muitos casais já fazem o uso para evitar gravidez indesejada, mesmo que isso fosse um ato condenado pela igreja católica. 

Estou recomendando a leitura para todo mundo, não importa de é mulher ou homem. Precisamos acabar de vez com a objetificação da mulher. Nós só queremos respeito e espaço.

Até a próxima.

Título original: Mulheres dos Anos Dourados

Páginas: 400
ISBN: 9788572448635
Selo: Editora Contexto

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segunda-feira, abril 01, 2019

LIVRO | A HISTÓRIA DO UNIVERSO PARA QUEM TEM PRESSA - COLIN STUART


Sinopse: Os grandes mistérios e maravilhas do céu noturno sempre nos fascinaram, intrigaram e divertiram, desde os primeiros passos na Terra. Hoje, continuamos nos esforçando para entender o nosso lugar no cosmos.
O século 20 foi palco de importantes e assombrosas descobertas sobre o nosso próprio planeta, o sistema solar, as estrelas e as galáxias. Contudo, ainda buscamos respostas para inúmeras questões – O que é matéria escura? Estamos sozinhos no universo? É possível viajar no tempo? –, e essa busca nos proporciona uma valiosa compreensão da vastidão e das infinitas possibilidades do espaço universal que ainda estamos por descobrir.
O universo, considerando-se a sua imensidão, pode ser assustador, mas neste livro de fácil compreensão embarcamos numa viagem incrível através de todas as descobertas astronômicas fundamentais, desde as resultantes de crenças de civilizações antigas até as oriundas de pioneiras e recentes observações das ondas gravitacionais, previstas por Einstein mais de 100 anos atrás. Nunca houve ocasião melhor para começar a entender os mistérios do universo, e este guia essencial do cosmos é o melhor ponto de partida!
Recebi esse livro da Editora Valentina faz alguns meses e lembro que quando ele chegou, eu já corri e li metade dele em um dia, mas acabei parando, não lembro o motivo. Sei que retomei a leitura e é simplesmente um grande aprendizado.

Quem nunca teve a curiosidade de pesquisar sobre o universo? Sempre achei que universo guarda muitos segredos e desde muito tempo eu leio aqueles artigos - simples - que contam algo a respeito. É muito interessante.


Em "A história do universo para quem tem pressa" você tem muitas informações desde o big bang - estamos falando aqui de ciência e não de religião - até detalhes sobre como é o solo de Plutão.


É um livro relativamente curto, mas que te fornece tanta informação que realmente é para quem tem presa.


Uma parte que me chamou muita atenção foi sobre a influência da lua. Aqui quero contar uma coisa que ninguém perguntou, mas que vou contar mesmo assim. Uma amiga de uma amiga minha conhecia algumas pessoas com doenças mentais e dizia que essas pessoas ficavam bastante alteradas durante as mudanças de fase da lua. Daí fiquei com aquele pensamento sobre lendas que escutamos quando crianças. Sim, pura viagem, mas sabe quando faz sentido?


Enfim, todos os movimentos dos astros nos influencia de alguma forma. O movimento que a lua faz está diretamente ligado às marés. Além disso a explicação sobre o equinócio é incrível.


Mesmo com tantas sondas enviadas para o universo, até hoje não foi detectada vida fora da Terra, o que é uma pena, já que eu tinha muitas esperanças (risos). Ao mesmo tempo em que eu queria que existisse vida lá fora, como nada foi encontrado, acredito que não tenha mesmo. Ou não foi divulgado, vai saber.


No livro "A história do mundo para quem tem pressa" você também vai encontrar informações bem objetivas a respeito de todas as sondas já enviadas. A sonda Voyager em 27 de março de 2019, a sonda somou 41 anos, 6 meses e 22 dias em operação e foi a primeira a alcanças o espaço interestelar - informação confirmada pela NASA. Impressionante, não?


É um livro muito bom, de verdade e que eu recomendo demais a leitura.


Fiquei doida para ler os demais livros da coleção "Para quem tem pressa", certamente são ótimos livros.


Espero que curtam e até a próxima.



Título original: The Universe in Bite-Sized Chunks

Páginas: 216
ISBN: 9788558890762
Tradutor: Milton Chaves
Selo: Editora Valentina


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segunda-feira, março 25, 2019

LIVRO | FILOSOFIA DO COTIDIANO - LUIZ FELIPE PONDÉ

Sinopse: “Filosofar nunca foi sobre deixar você feliz. É que andam mentindo muito por aí. Filosofar está mais ligado ao despertar do sonambulismo. Essa é minha proposta nesta conversa com você.”

“Seguiremos em direção a um mar profundo, muito distante do que o senso comum assume que o mundo seja. O mundo não é um mar calmo de evidências. É um oceano cheio de pequenas tempestades a serem vencidas. O cotidiano nesse percurso não é a mera passagem das horas, é o cotidiano contemporâneo, permeado pelo caráter histórico desta época em que vivemos.”

“Somos seres muitos mais acanhados em nossa natureza do que a aberração feliz postada nas redes sociais (e na publicidade em geral). Suspeito mesmo que a própria ideia de felicidade se tornou uma variável patogênica em si.”

“Quem tem medo de sofrer é incapaz de desejar.”

“Leitura é um hábito anormal, se ‘normal’ for ser igual à maioria.”

“A obsessão pela felicidade faz de você um chato. Como escapar dessa armadilha? Escolher o fracasso? Não precisa, ele te achará. Viver sem fórmulas é o desafio.”
Faz algumas semanas que recebi da Editora Contexto - nova parceira do blog - o livro "Filosofia do Cotidiano". Preciso dizer que fiquei um pouco receosa de ler quando vi que era do Luiz Felipe Pondé por causa das posições políticas dele. Porém, não quero JAMAIS ser o tipo de pessoa que só lê aquilo que concorda 100%.

Mesmo discordando de vários pensamentos dele, acho importante não viver em uma bolha, afinal, não é só o meu pensamento que está certo - ou errado.

Em "Filosofia do Cotidiano", mais recente livro do Luiz Felipe Pondé, são abordados os assuntos mais triviais do dia-a-dia e nos leva a refletir a respeito de coisas que fazemos e normalmente não nos damos ao trabalho de pensar sobre.

Algumas frases do livro são bem dolorosas de ler, já que elas vão vem na dura realidade. Particularmente adoro filosofia e é algo que deveria estar mais presente na vida de todos nós. Como ele diz em determinado momento, a "filosofia está mais ligada ao despertar do sonambulismo" e isso dificilmente nos deixará feliz.

Seguindo uma linha de pensamento bastante conservadora, o escritor propõe um pensamento acerca de vários assuntos tanto voltados para a religiosidade, e o fato de as pessoas se manterem céticas, questões sociais e familiares. 

Ao dizer a expressão "despertar do sonambulismo", ele quer dizer algo como deixar de lado nossos dogmas para, assim, enxergar a realidade. Acredito que seja mais ou menos como um psiquiatra que tem a ciência e sua crença em algum ser superior, ele não vai misturar os dois mesmo porque nem todo paciente é igual.

Concordo com esse fato e não é porque eu acredito que Deus existe que simplesmente vou ignorar a física, a ciência e todos os conhecimentos conquistados ao longo de décadas. Essa é a ideia de despertar.

No que diz respeito a questões sociais e familiares, confesso que li os capítulos 5 e 12 com muita raiva. Lembram quando o vice-presidente declarou abertamente que uma criança que cresce sem um pai, uma figura masculina, tende a se envolver com a criminalidade (mais ou menos assim)? Pois bem, aqui, Pondé deixa clara a sua concordância. 

Quando o assunto é empoderamento feminino, ele faz parecer que mulheres que decidem tocar a vida sozinhas são solitárias. Claro que ele aponta os dois lados, mas acho que é uma questão bem delicada para explicar em duas páginas.

No geral, se trata de uma ótima leitura, com 24 capítulos curtos - cerca de duas páginas e meia - em que é possível tirar muita coisa boa. Precisamos estar abertos a várias opiniões, afinal vivemos em uma democracia e em um país livre. 

É impossível agradar a todos o tempo todo. As divergências servem para crescimento, desde que colocadas de forma saudável. 

Fica aqui a minha indicação, em um dia você termina a leitura. Espero que tenham curtido.

Até a próxima.

Título original: FILOSOFIA DO COTIDIANO
Páginas: 128
ISBN: 9788552000839
Selo: Editora Contexto

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quarta-feira, fevereiro 27, 2019

LIVROS CURTINHOS PARA FUGIR DO CARNAVAL

Carnaval chegando e por aqui vou só aproveitar os dias de folga. Pretendo ler bastante, assistir algumas séries que estão atrasadas e comer muita besteira.

Pensando nas pessoas que, assim como eu, vão ficar em casa curtindo o bloco unidos da Netflix, separei alguns livros que são bem curtinhos e que você, com certeza vai ler antes mesmo do fim do feriado. Vamos lá.


1 - Tormento (John Boyne) - Danny Delaney curtia tranquilamente as férias, até que sua mãe volta pra casa tarde da noite, escoltada por dois policiais. Ele logo percebe que algo terrível aconteceu. A sra. Delaney havia atropelado um garotinho, que agora está em coma e ninguém sabe se vai acordar. Consumida pela culpa, ela se isola de todos ao seu redor. Caberá a Danny e seu pai impedir que a família se despedace.

2 - O Alquimista (Paulo Coelho) - Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize seu desejo. De tempos em tempos, surge um livro capaz de mudar para sempre a vida de seus leitores. "O Alquimista" é um deles.
Com mais de 65 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, o mais famoso título de Paulo Coelho já se estabeleceu como um clássico moderno, atemporal e universal, que segue fascinando públicos cada vez maiores, de diferentes gerações. Simples, sábia e inspiradora, esta história refaz os passos de um pastor da Andaluzia que viaja para o deserto egípcio em busca de um tesouro enterrado nas Pirâmides. O que começa como uma jornada para encontrar bens materiais torna-se uma descoberta das riquezas que escondemos dentro de nós mesmos. As belas lições que Santiago aprende ao longo do caminho nos falam da sabedoria de ouvir o que diz o coração, de ler os sinais com que deparamos ao longo da vida e, acima de tudo, da importância de seguir os nossos sonhos.

3 - A Natureza das Coisas (Marília Passos) - A natureza das coisas é um título que revela ao esconder. Com uma trama direta, discorre a condição emocional e psicológica sem alarde. No entanto, a profundidade dos sentimentos, a intensidade das descobertas e o peso das escolhas são temas que percorrem cada linha. As atitudes de seus personagens refletem um mundo em que as aparências se igualam a sonhos. Quando acordamos, vemos quem somos e podemos seguir adiante ou optar por viver numa ilusão falha. Ao mesmo tempo em que o leitor sente empatia, encontra uma reflexão leve na superfície e tremenda no interior sobre como nos relacionamos, incluindo com nós mesmos.

4 - Extraordinário (R. J. Palácio) - August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela e uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações medicas. Por isso, ele nunca havia frequentado uma escola de verdade... ate agora. Todo mundo sabe que e difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tao diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele e um menino igual a todos os outros. R. J. Palácio criou uma historia edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade um impacto forte, comovente e, sem duvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo o tipo de leitor.

5 - Passarinha (Kathryn Erskine) - No mundo de Caitlin, tudo é preto e branco. Qualquer coisa entre um e outro dá uma baita sensação de recreio no estômago e a obriga a fazer bicho de pelúcia. É isso que seu irmão, Devon, sempre tentou explicar às pessoas. Mas agora, depois do dia em que a vida desmoronou, seu pai, devastado, chora muito sem saber ao certo como lidar com isso. Ela quer ajudar o pai - a si mesma e todos a sua volta -, mas, sendo uma menina de dez anos de idade, autista, portadora da Síndrome de Asperger, ela não sabe como captar o sentido. Caitlin, que não gosta de olhar para a pessoa nem que invadam seu espaço pessoal, se volta, então, para os livros e dicionários, que considera fáceis por estarem repletos de fatos, preto no branco. Após ler a definição da palavra desfecho, tem certeza de que é exatamente disso que ela e seu pai precisam. E Caitlin está determinada a consegui-lo. Seguindo o conselho do irmão, ela decide trabalhar nisso, o que a leva a descobrir que nem tudo é realmente preto e branco, afinal, o mundo é cheio de cores, confuso mas belo. Um livro sobre compreender uns aos outros, repleto de empatia, com um desfecho comovente e encantador que levará o leitor às lágrimas e dará aos jovens um precioso vislumbre do mundo todo especial dessa menina extraordinária.

Já leram algum da lista?


Espero que curtam, até a próxima.

segunda-feira, fevereiro 25, 2019

LIVRO | MENINA BOA, MENINA MÁ - ALI LAND

Sinopse: Os corações das crianças pequenas são órgãos delicados. Um começo cruel neste mundo pode moldá-los de maneiras estranhas Nome novo. Família nova. Eu. Nova. Em folha. A mãe de Annie é uma assassina em série. Um dia, Annie a denuncia para a polícia e ela é presa. Mas longe dos olhos não é longe da cabeça. Os segredos de seu passado não a deixam dormir, mesmo Annie fazendo parte agora de uma nova família e atendendo por um novo nome — Milly. Enquanto um grupo de especialistas prepara Milly para enfrentar a mãe no tribunal, ela precisa confrontar seu passado. E recomeçar. Com certeza, a partir de agora vai poder ser quem quiser... Mas a mãe de Milly é uma assassina em série. E quem sai aos seus não degenera...
Eu já tinha ouvido falar várias vezes que esse livro era bem perturbador. Exatamente por esse motivo eu não exitei na hora de comprar. Se você é do time dos adoradores de thriller psicológico, então com certeza vá amar Menina Boa, Menina Má.

Acredito que não seja necessário repetir tudo o que já está na sinopse, então vou logo dizendo que é um livro que realmente me agradou e surpreendeu, visto que passei a leitura toda pensando em o final seria de um jeito. Apesar de não ser aquele final totalmente surpreendente, é um final que eu não esperava, porém adorei.

Toda a história é como se a Annie, ou melhor, Milly estivesse conversando com a sua mãe. É algo como um diário. De tanto assistir/ler histórias de assassinos em série, eu já vi muito disso, onde a protagonista dialoga com alguém que na verdade não está presente em carne e osso, mas influencia de alguma forma.

A Milly é completamente influenciada pela sua mãe, mesmo que ela não esteja presente, é a referência que ela tem. Milly não é uma pessoa má, ela não quer ser má. 

Mas quantas vezes já vimos pessoas boas que querem seguir sendo boas, mas normalmente fazem de TUDO (e quando digo tudo, é tudo mesmo) para manter a vida "normal" que finalmente alcançaram? Basicamente minha reação às páginas finais foi
Não tem assim uma reviravolta, o livro simplesmente acaba, mas é algo tão inesperado que você demora a digerir, sabe?

Gostaria de acrescentar que, sempre que compartilho livros de thriller aqui, muita gente diz que não curte muito. Bom, caso você tenha interesse em começar a ler esse gênero, mas não sabe bem por onde começar e procura algo mais leve, aqui está minha recomendação.

É um livro que, mesmo trazendo um assunto pesado, ele é leve e você lê assim, rapidinho e sem muitas neuras e desgraçamentos mentais.

Vamos falar um pouquinho sobre alguns dos personagens que estão envolvidos? Primeiro, Phoebe. Menina insuportável, mas nitidamente carente de atenção dos pais. Não merecia o que teve, mas era insuportável mesmo assim e inconsequente. As amigas, principalmente Clondine, poderiam pensar por conta própria, mas sabemos que isso é praticamente impossível.

Mike e Saskia, duas pessoas aparentemente maravilhosas. Mike é do tipo que tem essa vontade de ajudar, mas Saskia é quem precisa de ajuda. Bem parecido com a vida real, né?

Você já sonhou com um lugar muito, muito distante? Eu já.
Um campo repleto de papoulas.
Minúsculas dançarinas vermelhas, valsando alegremente.
Apontando suas pétalas para um caminho que leva a uma orla, pura.
Ininterrupta.
Eu, boiando de barriga para cima, um oceano turquesa. Um céu azul.
Nada. Ninguém.
Eu queria muito ouvir as palavras: “Nunca vou deixar que nada aconteça
com você.” Ou: “A culpa não foi dela, era só uma criança.”
Sim, são esses os tipos de sonhos que eu tenho.
Não sei o que vai acontecer comigo. Estou assustada. Diferente. Não tive
escolha.
Eu prometo isso.
Prometo ser a melhor pessoa que puder.
Prometo tentar.

Morgan, independente do que Milly faça, ela é uma pessoa leal e que realmente gosta da Milly, mesmo depois de tudo. Tinha outra imagem dela na minha cabeça quando comecei a ler o livro.

Deixo aqui minha recomendação e espero que vocês curtam a leitura.

Até a próxima.

Título original: Good Me, Bad Me
Tradução: Claudia Costa Guimarães
Páginas: 376
ISBN: 9788501109552
Selo: Record

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terça-feira, fevereiro 19, 2019

LIVRO | BARCELONA NÃO É ESPANHA - MÁRCIO MENEZES

Sinopse: "Barcelona não é Espanha" é fruto de oito anos de exílio voluntário do escritor na capital catalã. O romance narra a aventura de um ex-estudante de teatro que chega, com a namorada, em Barcelona na primavera de 2002. A partir de subempregos (desde iluminador de espetáculos pornô a ator de filmes universitários, entre outros), para garantir a cidadania espanhola, o imigrante ilegal é envolvido em incidentes em toda a capital catalã. À medida que vai entendendo a cidade, contudo, ele percebe que o desafio da moderna Barcelona é acolher todos os imigrantes, visto que, em geral, seu povo desaprova o salto à modernidade.
Barcelona não é Espanha é um livro que me despertou a curiosidade desde a indicação feita pela a Oasys Cultural. É o segundo livro do escritor e jornalista Márcio Menezes e se passa em Barcelona. Márcio Menezes viveu por lá durante oito anos e grande parte da história foi baseada em suas vivências.

Trata-se de uma leitura despretensiosa, já que não apresenta momentos de tensão, e também é bastante divertida. Achei incrível conhecer Barcelona através desse livro.

Engraçado que, quando recebi a indicação, eu estava com uma ideia fixa de conhecer a Espanha. Passou algum tempo e quando finalmente comecei a ler, rapidamente voltei às minhas pesquisas sobre a cultura e sobre os custos. Certamente vou conhecer a Espanha mais uma vez, só que com meus próprios olhos.

A história é narrada em primeira pessoa e flui bem naturalmente. É como se fosse um diário, onde lemos sobre a difícil missão desse imigrante ilegal e, depois de um tempo, procurado por um cara bem perigoso. Imagine a situação.

Barcelona não é Espanha, me lembrou bastante do filme Albergue Espanhol - em partes - uma vez que em ambos são retratadas vidas de estudantes boêmios e que precisam lidar com situações fora de suas "zonas de conforto".

Além disso, me fez pensar, ainda, na questão das várias crises humanitárias que vivemos atualmente e a tristeza que é para o imigrante conseguir ficar bem em lugares que não são bem recebidos. Quando vejo personagens do livro negarem-se a falar a língua comum a todos e se apegando ao catalão, língua que como Márcio Menezes disse em algum momento é útil para cerca de oito milhões de pessoas, chega a entristecer. Infelizmente é uma realidade bastante atual.

O escritor faz questão, ainda, de mencionar o momento político do período em que esteve em Barcelona. Acredito que é algo bastante importante de ser citado, mesmo para situar-nos do que acontecia naquela época (2002 para frente).

Sempre digo aqui a importância de lermos escritores nacionais. Estou me apegando muito a isso e se eu pudesse reunir em uma sala todos os escritores que li no último ano daria os parabéns e agradeceria por me oferecerem obras tão incríveis capazes de me teletransportar para os mais variados ambientes e épocas.

É um livro que eu estou indicando para todo mundo e quando chegar o dia em que eu mesma for a Barcelona, certamente esse livro me acompanhará.

O site do Senado publicou uma entrevista com o escritor Márcio Menezes e eu recomendo também que vocês escutem, já que ele fala em poucos minutos várias coisas bem interessantes a respeito de sua obra.

Espero que tenham curtido e até a próxima.

Título original: Barcelona não é Espanha

Páginas: 226
ISBN: 9788567107110
Selo: Editora Rubra

quinta-feira, fevereiro 14, 2019

LIVRO | AMIGOS PARA A VIDA - ANDREW NORRISS

por Andrew Norriss
Sinopse: Francis não tem amigos. Ele sofre bullying porque é diferente. Em casa, vive trancado no sótão, onde tem uma fabulosa coleção de bonecas vestidas com roupas que ele mesmo cria. Adora moda e pediu de aniversário uma máquina de costura. Um certo dia na escola, na hora do intervalo, Francis vai se sentar num banco, no lado mais afastado do pátio, porque prefere a solidão a ser zoado. Mas nesse dia, sentindo-se triste, ele vê alguém atravessar o gramado na sua direção. É uma menina de mais ou menos a sua idade, embora não a reconheça como aluna da escola. Ela se senta na outra ponta do banco, em silêncio. Francis fica curioso. E então lhe estende a sua caneca de chá. A menina olha para ele, surpresa e chocada. Afinal, ela é um fantasma, chama-se Jessica, e Francis é a primeira pessoa que consegue vê-la desde que ela morreu. Entre os dois surgirá uma amizade extraordinária e transformadora.


Amigos Para a Vida é uma delicada história de amizade – e seu poder transformador – entre quatro adolescentes fora dos padrões dominantes, celebra o direito de ser diferente e é leitura obrigatória para todos que combatem o bullying. Um livro divertido, corajoso e genuinamente emocionante.
Recebi esse livro, no ano passado, da editora Valentina. Demorei para começar, pois o mês de dezembro foi bem agitado e acabou atrasando tudo. Aproveitei as férias para organizar um pouco as coisas e ler os livros mais atrasados.

Por vários segundos, Francis não se mexeu. Congelado, com a garrafa térmica numa das mãos e a mochila na outra, seu cérebro reproduziu, passo a passo, a ação que acabara de testemunhar. – Durante todo o tempo em que estou morta – disse a garota –, ninguém, e quero dizer ninguém mesmo, conseguiu me ver ou ouvir. Nunca.

O que tenho a dizer sobre Amigos para a Vida? Foram dois dias intensos na companhia dele. Posso dizer que apesar de ser um livro bem curto, a história me surpreendeu bastante. Eu realmente esperava outra coisa, tinha outra visão dele por causa da sinopse.

Amigos para a Vida me emocionou bastante por vários motivos. Nós sabemos como o bullying pode acabar com muitas vidas de várias formas. Sabemos também o quanto é difícil ser uma pessoa diferente da maioria. Além disso, quando se trata da dificuldade em se encaixar e fazer amizades, eu já fico de olho, porque sou bem assim ainda hoje.

Não quero dar spoiler algum, até porque eu odeio quando fazem isso, mas esse livro é cheio de gatilhos para depressivos. Achava de verdade que ele era daqueles livros levinhos que falam sobre como amizades mudam as pessoas. Mas não.

Várias vezes me senti incomodada com algumas descrições e confesso que quando o li, não era o melhor momento da minha vida. Em alguns momentos eu me senti com um peso por ler coisas que se pareciam muito comigo e fiquei bem para baixo. 

Ainda assim ele aborda temas importantíssimo que DEVEM ser falados. Talvez se nós, adultos responsáveis, déssemos mais atenção aos adolescentes, eles cometeriam bem menos erros e maldades com os demais.

O final do livro trás um quetinho no coração, alivia bastante o peso de muitas das outras páginas.



Título original: Friends for Life

Tradução: Jessica's Ghost
Páginas: 208
ISBN: 9788558890809
Selo: Editora Valentina

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