segunda-feira, junho 10, 2019

LIVRO | QUANDO NINGUÉM EDUCA: QUESTIONANDO PAULO FREIRE - RONAI ROCHA

Sinopse: A crise na educação brasileira é inegável. A baixa qualidade das aprendizagens, a estagnação do desempenho escolar nos testes padronizados, a pouca relevância do aumento dos anos de estudo na vida do aluno, a crescente evasão escolar em todos os níveis, o aumento da distorção idade-série e tantos outros problemas são evidências disso. Mas onde se localizam as raízes teóricas da atual crise educacional que vivemos? Neste livro, o professor Ronai Rocha se dedica a desvendar e a compreender o pensamento teórico dominante no cenário educacional e pedagógico brasileiro. O autor realiza um movimento esclarecedor sobre as raízes da reflexão sobre educação no país, que incidem até hoje na formação de nossos professores. E mostra como uma maneira peculiar de ler Paulo Freire afeta o ensino no Brasil.


A Editora Contexto conta com um catálogo incrível para a formação de professores. Preciso me controlar para não pedir sempre os livros dessa seção, já que sou da área de educação e estou sempre buscando atualizações sobre o assunto.

O momento em que vive o Brasil atualmente é bem complicado para criticar ou defender ideias e digo que o professor Rocha foi bem corajoso ao trazer uma reflexão a respeito do modo como se lê Paulo Freire. Embora o livro seja de 2017.

Extremamente adequado aos dias atuais, ele propõe uma análise da forma como as ideias de Paulo Freire são aplicadas ao dia a dia escolar. Para quem não sabe, Freire é patrono da educação brasileira e era um grande pensador, estudado e admirado no Brasil e no mundo. Porém, tendo como base um pensamento socialista, ele propôs muitas ideias que, eu como professora atuante em sala de aula, acredito, estão sendo mal utilizadas.

Ao dizer em suas obras que "ninguém educa ninguém", Paulo Freire fez com que muito da autoridade do professor fosse anulada. Essa era intenção dele? Certamente não, porém a interpretação que se faz hoje dos textos dele são errôneas. 

É aquela velha história: a teoria é linda. Quando você vê na prática, temos alunos desrespeitosos, desinteressados e que mal mal estão aprendendo a escrever o próprio nome. Sim, já vi aluno errar a escrita do nome. 

Quero destacar, também, que muito do que Ronai Rocha propõe em seu estudo, vai contra muito do que eu penso. Por exemplo quando ele cita que a universalização do acesso à escola nos trouxe uma educação de baixa qualidade. A forma como ele coloca me fez entender que a escola não deveria ser para todos, mas continuar como era no passado, apenas para uma pequena parte da população. Corrijam-me se eu tiver entendido errado.

Além disso, ele cita que a escola é, por natureza, conservadora. É como se ele dissesse que a a escola - e o currículo - funcionavam antes e agora, depois que passou a ser mais democrática e acessível é que "desandou".

Confesso que tenho um problema muito sério em relação ao pensamento Freiriano, porém, sigo acreditando que é melhor que todos tenham acesso à educação, independente de ela ser boa ou não.

Para mim o pior de se ter o pensamento crítico social dos conteúdos como base, é que realmente você perde um pouco da autoridade enquanto educador, além de que a maioria das pessoas acreditam que o professor é responsável por 100% da educação da criança.

É um livro interessante, que traz uma reflexão muito boa a respeito do nosso sistema educacional atual e que, claro, tem pontos a discordar. Discordar é bom, gente. Você não precisa aceitar tudo o que te mostram como verdade. Você conhece a teria da caixa de bombom? Tem um vídeo no Youtube que explica essa metáfora e é a que eu levo para a minha vida. 

Nunca aceitar totalmente as ideias impostas e sigamos questionando tudo e todos.

Título original: Quando ninguém educa, questionando Paulo Freire

Páginas: 160
ISBN: 9788552000174
Selo: Editora Contexto.

19 comentários

  1. Nossa, primeiro que eu não conhecia a editora e como sou professora e adoro minha área vou ficar mais de olho no catalogo deles, adorei essa dica!
    É como você mesmo disse, na teria tudo é lindo e funciona perfeitamente mas na prática muda bastante. Uma opinião minha: eu gosto muito dele e tenho muito respeito por tudo que ele fez pela educação, porém acho um pouco forçado esse endeusamento que fazem dele. Quero ler esse livro pra tirar minhas conclusões!

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  2. Olá, tudo bem? Ainda não conhecia esse livro, mas parece ser mesmo uma obra bem importante, principalmente para quem trabalha na área da educação. Adorei a resenha e dica!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. Olá,
    Interessante o livro. Não é da minha área mas conheço alguns profissionais da área de educação que iriam gostar bastante do livro.

    Debyh
    Eu Insisto

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  4. Acho críticas válidas e necessárias para que possamos evoluir e melhorar. Trabalho com o método Paulo freire, principalmente na área da saúde, também sou professora, mas marxista e sei que o Paulo Freire foi um grande nome que precisa ser respeitado e compreendido, só que sua abordagem é radical, entretanto, não é marxista, até compreendo o motivo, outro ponto importante, por exemplo, é entender o resultado de sua experiência em Angicos e o resultado maravilhoso. enfim, o grande legado de Paulo Freire nesse processo é de a educação deve ser afetiva e eu concordo com ele e dificuldade é as pessoas compreenderem o conceito de afetividade.

    Sobre a resenha, este trecho "Por exemplo quando ele cita que a universalização do acesso à escola nos trouxe uma educação de baixa qualidade." é suficiente para eu não levar esse livro a sério. Geralmente, leio os livros da Boitempo.

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  5. Oi Milca, sua linda, tudo bem?
    Concordo muito com você, precisamos ter senso crítico quando fazemos uma leitura ou quando ouvimos um argumento em uma conversa, por exemplo. Também sou a favor da educação para todos, e o problema é a qualidade. Precisamos de uma de excelência, e não restringir o acesso. Para mim, um nem tem relação com o outro, para falar a verdade. Embora não seja um livro que eu compraria, gosto muito de debater ideias. Traga mais. Sua resenha ficou ótima.
    beijinhos.
    cila.

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  6. Oi, tudo bem? Nunca li nada nenhum livro sobre o Paulo Freire, mas conheço os embasamentos dele. Eu leria para conhecer melhor o sistema educacional atual, já que, como não sou da área, não tenho uma melhor ideia do que acontece. Acredito numa educação democrática, que não exclui, infelizmente não é isso que se vê. Adorei o livro e a reflexão, muito necessária!

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  7. Olá, adorei a resenha sobre o livro que é uma novidade, caiu como luva no momento atual de meus estudos, curso letras então sem dúvida vou procurar o livro para ter mais contato com a leitura, beijos!

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  8. É bem diferente do que eu costumo ler, mas fiquei curiosa em entender o raciocínio do autor e, quem sabe, não aprender um pouco mais sobre o tema. Adorei sua resenha <3 (http://livrosdagabi.com)

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  9. Eu sou fã do legado de Paulo Freire. Até na Coréia do Sul, no mestrado, meu currículo tinha seus ensinamentos. Achei interessante o que o autor se propôs a discutir, mas acesso universal ao ensino é direito de todos. Se a qualidade é baixa, não é por conta disso, mas sim por problemas estruturais e falta de interesse/apoio governamental.

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  10. Olá, falar sobre educação nunca é demais por isso adorei seu post. Se há uma questão a ser debatida é a educação, principalmente nos dias atuais. Grande Paulo Freire, apesar de gostar das obras dele, não conhecia ainda esse livro. Ah, vou pesquisar sobre a teoria da caixa de bombom, bjusss.

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  11. Achei admirável que você que trabalha na área da educação está sempre procurando se atualizar, acho isso muito importante. Queria que outros profissionais da área pudessem ser tão conscientes assim como você, porque o cenário pelo qual a educação brasileira se encontra atualmente é uma triste e infeliz realidade que só vem piorando.

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  12. Então ... gostaria muito de ler o livro para entender em qual contexto ele acha que todos terem acesso a educação, não seria bom. Pois, se ele realmente quis dizer isso, discordo completamente.
    Não sou profissional da área da educação, sou da área social. Não me sinto à vontade de criticar uma área que não domino, entretanto, posso pontuar algumas questões como observadora e mãe.
    Sou de minas, e as escolas do estado implantara um sistema em que o aluno não repete o ano, ou seja, independente de como foi sua frequência e notas durante o ano escolar, ele irá preparado ou não para o ano/série seguinte, na minha observação, percebi que os alunos estavam chegando ao 9º ano como analfabetos funcionais. Minha cunhada é Professora de Matemática no estado, uma matéria historicamente "terrível" para os alunos, para que ela consiga reprovar algum aluno, ela praticamente deve ter um livro preenchido explicando o porque, mesmo que as notas demonstrem isso, e mesmo quando ela está totalmente "argumentada" para reprovar o aluno, a supervisão "dá um jeitinho" de passar o aluno. Como mencionei, na minha opinião de observadora, isso é a falência do sistema educacional, o aluno não pode simplesmente passar para cumprir uma meta do estado/governo.
    Quanto a palavra "educar", eu não gosto de utilizá-la para os professores, mas sim a palavra ensinar. Educar é uma palavra muito ampla, e ao meu ver quem educa são os pais, e não os professores, acredito que neste ponto realmente existe uma confusão, qual é o papel de quem.
    Tenho 1 casal de filhos de 8 e 4 anos, ainda consigo manter os dois no ensino privado, e percebo que muitos pais, mesmo pagando escola, não acompanha seus filhos como deve ser, acreditam que simplesmente pagam a escola, e, está deve fazer de tudo ... enfim, a discussão é bem complexa e profunda ....
    Eu amei seu post, e gostaria muito de ler esse livro, para opinar.

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  13. Tenho muito interesse em me aprofundar mais nessas questões, principalmente no momento em que vivemos. A educação é para todos e isso nem deveria ser discutido.
    Concordo totalmente com você sobre a necessidade de questionar. Podemos gostar de algo ou alguém e ainda assim discordar de uma ideia, isso é bom. O debate de ideias é o que leva a novos conhecimentos.
    Ainda não havia visto essa teoria da caixa de bombons e gostei muito de conhecer, obrigada!

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  14. Oi, tudo bem? Essa é uma reflexão muito importante. Confesso que comecei pensar no assunto quando entrei na faculdade que grande parte deles não sabia escrever direito (erros de português), não sabiam compreender um texto passado pelo professor e perguntavam a mesma coisa milhares de vezes, além de não conseguir unir duas ideias e tirar uma conclusão. É realmente triste pensar que vieram do ensino médio mas a qualidade é de alunos da 6ª série. Não conhecia o livro. Beijos, Érika =^.^=

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  15. É amiga! Vivemos um momento bem tenso e que parece não ter fim! Eu sou educadora e gestora pública. Tem horas que me pego pensando em tantas questões voltadas a tantas abordagens na educação! Me desanimo, mas é uma saga que não posso me permitir recuar! Então nós resta nos (in)formar, refletir e seguirmos! Agradeço pela dica! Com certeza me será útil!
    Grande beijo!

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  16. Olá

    Eu não leria qualquer livro que desse a entender que a Educação não é para todos, porque educação é um direito garantido. Segundo Paulo Freire tinha ideias de ligação ao socialismo assim como o socialismo tem com alguma ideia anterior, então ele não era radical e nem utópico...até porque paramos para refletir podemos perceber que o capitalismo está ruindo e em algum momento outro sistema econômico entrará em vigor.

    Também sou professora e a autoridade dos professores não "desapareceu" por causa do pensamento de Freire e sim porque as relações mudaram. Antes o professor era "mestre" e hoje ele é visto apenas com um profissional comum como qualquer outro e a ausência de respeito dos alunos com professores é reflexo da infantilização de crianças e adolescentes em serem corrigidos e punidos quando não respeitam qualquer pessoa, seja professor, pai ou qualquer outra pessoa. As mudanças de anos levam mudanças nos comportamentos sociais e o modelo escolar no Brasil é extremamente inadequado para as modificações sociais e falo por ter dito N dificuldades por uma escola arcaica e professores desmotivados e brigando muitas vezes por coisas individuais.

    Beijos

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  17. Com certeza um livro extremamente profundo..eu particularmente falando concordo contigo.. a educação precisa ser para todos.. porém discordo quando fala 'sendo boa ou não' a educação que não é boa não ajuda ninguém ,não ajuda quem está educando, nem quem está aprendendo...

    Por isso acredito que a nossa base de educação precisaria mudar em um geral , não voltar a ser elitista ou para poucos.. mas precisa se adaptar para atender a todos , literalmente todos, até as pessoas que moram em comunidades tão afastadas que nem um RG, a pessoa tem.

    Um assunto muito profundo e com muito a se debater, parabéns pela a resenha!

    Isa do @leportraitdeisa.

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  18. Olá, tudo bem? Não conhecia a obra, mas fiquei curiosa pois vejo atualmente muitas opiniões sobre Paulo Freire, e as vezes até erroneas. Claro que todos tem direito a ter sua opinião, mas às vezes acho que a falta de interpretação é crucial. Não sou da área, mas sempre tive um interesse no pensador e suas discussões. Também acho que discordar faz parte da literatura, aliás é um dos melhores pontos para se debater. Espero poder um dia conhecer a obra!
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com

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  19. Oi.

    gostei da obra, me parece interessante e eu realmente preciso comprar livros que abordam este tipo de questionamento, tb concordo com você sobre como a educação deve alcançar todo mundo. bjs.

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