segunda-feira, abril 29, 2019

LIVRO | MULHERES NOS ANOS DOURADOS - CARLA BASSANEZI PINSKY

Sinopse: Não faz tanto tempo as mulheres eram classificadas em categorias como a “boa esposa”, a “moça de família”, a “leviana”, a “outra”, a “jovem rebelde”, a “rainha do lar”. Isso foi nos chamados Anos Dourados, apelido nostálgico do período que vai de 1945 a 1964 no Brasil. Neste livro fascinante a historiadora Carla Bassanezi Pinsky revela figuras de um tempo em que casar era indispensável, traições masculinas eram perdoadas em nome da harmonia conjugal e bons eletrodomésticos deveriam compensar a monotonia da existência das mulheres. Será que a sociedade mudou tanto de lá pra cá?
Estamos em uma época em que muito se fala em feminismo e luta de minorias, mas a maioria de nós mal sabe onde e por que tudo começou ou mesmo pelo quê estamos lutando.

Quero aqui deixar uma coisa clara que ninguém perguntou, mas eu sigo achando importante falar: eu não costumo levantar bandeira, nem ir para as ruas. Você vai me ver sim falando com frequência em assuntos como "leia mulheres", "mulheres, unam-se", "poder feminino", mas eu sou uma mulher que adora ser mulher e que ainda assim vive inúmeros problemas femininos, tais como ter 30 anos e não ser totalmente independente do meu marido (ele dirige, eu não).

Mesmo não gritando aos quatro ventos, eu defendo o movimento e luto pelo meu espaço nesse mundão.

Além do mais, sou uma mulher que cresceu em um lar cristão, branco, hétero e conservador, ou seja, tudo o que é o "certo", portanto preciso me desconstruir a cada dia. Não desistam de mim e é por isso agarro cada oportunidade de aprender como foi/é nosso papel na sociedade.

Em Mulheres nos Anos Dourados podemos dizer que temos uma compilação de absurdos que deveriam ter ficado em uma época, mas que se perpetua até hoje, talvez em menos intensidade, mas com grande impacto.

O famoso "Jornal das Moças" ditava como deveria ser o comportamento das meninas da época, o que não é tão diferente das revistinhas teen que existiam até alguns anos atrás.


Enquanto fazia a leitura, eu lembrava de quando eu era criança e ia para a igreja evangélica. Não quero falar mal, mas passei por péssimas situações dentro da igreja, principalmente quando o assunto era ser "mulher" (entre aspas, visto o fato que eu era uma crianças, mas era tratada como uma adulta). 

Muita coisa descrita ao longo de todo o livro, inclusive as piadas, que acontecia lá em 1950, acontecia ainda em 2002 no ambiente cristão. Era tudo tão parado no tempo. Uma roupa ditava quem você era.

Isso sem mencionar o papel das esposas. Impressionante o número de mulheres que me recordo hoje em dia que naquela época passavam por situações humilhantes apenas pelo fato de que deviam submissão ao marido. Os anos dourados devem ter sido duros e ainda bem que os tempos mudam.

Mulheres nos Anos Dourados é uma leitura incrível para que possamos aprender com o passado. É importante saber como foi antes para não cometermos os mesmos erros hoje em dia e também para notarmos o quanto a sociedade muda e evolui. Legal seria se todos lesse essa obra maravilhosa.

Claro que o livro trata de muitos outros assuntos, como namoro, infidelidade, métodos anticoncepcionais, sexualidade, etc. Apesar de muita opressão, também  tivemos muitas conquistas nessa época, no Brasil em 1960 chega a pílula anticoncepcional e muitos casais já fazem o uso para evitar gravidez indesejada, mesmo que isso fosse um ato condenado pela igreja católica. 

Estou recomendando a leitura para todo mundo, não importa de é mulher ou homem. Precisamos acabar de vez com a objetificação da mulher. Nós só queremos respeito e espaço.

Até a próxima.

Título original: Mulheres dos Anos Dourados

Páginas: 400
ISBN: 9788572448635
Selo: Editora Contexto

Compre na Amazon.

22 comentários

  1. Olá, tudo bem? Não conhecia esse livro ainda, mas pelo o que tu disse parece ser uma leitura extremamente importante e necessária. Adorei a resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  2. Oii, tudo bem?

    Já tinha visto falar sobre o livro, e ele já estava na minha lista de desejados, acho muito importante esse tipo de leitura. Eu também cresci nesse estilo lar "correto", mas como você, me recuso a ficar presa a estes pensamentos tão antiquados. Temos mais é que ir nos desconstruindo mesmo. Adorei a resenha!!

    Beijinhos!!

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  3. Oiii tudo bom?

    Eu também não costumo levantar bandeiras, acho que há um ponto bom e mal em tudo, e sempre procuro analisar todos os lados. Eu gosto da época dourada em alguns sentidos sabe? Apesar do tratamento babaca que as mulheres sofriam, haviam certos valores de familia como o respeito enorme que os filhos tinham com as mães que hoje não vemos mais. Houveram coisas ruins daquele tempo como o racismo que era forte e esse machismo, mas como vc bem disse ainda podemos ver (em grau mais oculto) esse comportamento na sociedade atual aliado à um materialismo e individualismo absurdo que, na minha opinião, tornam os dias de hoje talvez tão dificieis ou até mais dificeis do que foram os anos dourados.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  4. Oi, tudo bem?

    Parece ser um livro muito bom! Assim como você, não sou do tipo que levanta a bandeira e vai às ruas, mas entendo o quão importante é este movimento para que hoje eu tenha o direito de não querer fazer tal ato. Adorei sua indicação e já o adicionei na minha wishlist.

    Beijos,
    Blog Diversamente

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  5. É muito perigoso nos dias atuais levantar uma bandeira. Falo isso pelas muitas diferenças e divergências de opiniões. Às vezes o propósito levantado tem sim o seu valor mas com o tempo se perde a verdadeira essência. Eu sempre conversei muito com minha mãe e meus avós a respeito de tempos passados, umbtempo em que a mulher mantinha a estrutura do lar. Acho que hoje com todas as situações é meio complicado e acredito que por isso muitas famílias estão se despedaçando. Amei o tema da sua postagem acredito que é um belo debate.

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  6. É muito perigoso nos dias atuais levantar uma bandeira. Falo isso pelas muitas diferenças e divergências de opiniões. Às vezes o propósito levantado tem sim o seu valor mas com o tempo se perde a verdadeira essência. Eu sempre conversei muito com minha mãe e meus avós a respeito de tempos passados, umbtempo em que a mulher mantinha a estrutura do lar. Acho que hoje com todas as situações é meio complicado e acredito que por isso muitas famílias estão se despedaçando. Amei o tema da sua postagem acredito que é um belo debate.

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  7. Eu particularmente gosto muito de livros fortes com temas profundos que nos levam a refletir. Você fez uma boa escolha essa leitura é muito rica com temas bastante atuais. Não poderia também deixar de elogiar as fotos que você separou imagens lindas que destacam mulher contudo o valor que ela merece. Achei a capa do livro muito divertida e apesar de ser um tema retrô a capa é bem atual.

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  8. Li várias verdades nesse texto. Não levanto bandeiras da maneira como a sociedade atual exige, porém tenho minha maneira de lutar: tenho uma profissão machista, trabalho em uma sala onde só trabalham homens e, ainda assim, sou uma figura forte perante a batalha de egos deles.
    Adorei! Ta na minha tbr

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  9. Escrevi meu comentário mas apagou tudo sem querer hahaha
    Assim como você, tive a mesma educação e diretriz moral. Não levanto bandeiras como a sociedade exige porém luto da minha maneira: tenho uma profissão machista e trabalho em um ambiente que só há homens. E ainda assim sou figura forte no meio da batalha de egos deles. Ta na minha tbr!

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  10. O livro já me chamou atenção pelo título: Mulheres dos Anos Dourados. Essa é a primeira vez em que vejo algo a respeito dessa obra. Eu gostei bastante de conhecer a obra, ainda mais sabendo que transmite uma reflexão tão importante, em qualquer época. Infelizmente, mesmo com essa passagem de tempo e muitas mudanças, ainda hoje eu vejo mulheres que se submetem a tal submissão aos maridos e vivem para agradá-lhes como se fossem objetos de decoração do lar mesmo e empregadas e por livre e espontânea vontade. Eu culpo a forma que elas foram criadas ou qualquer questão e ensinamento religioso que levam a uma mulher acreditar que ela foi feita apenas para almejar se casar e ter filhos, sem nenhuma individualidade ou liberdade. Os tempos mudam, mas algumas ideias conservadoras parecem não querer morrer na mente do ser humano. Enfim, adorei conhecer o livro e a sua opinião sobre ela. :)

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  11. Olá, tudo bem?
    Eu ainda não conhecia esse livro, mas fiquei muito curiosa para ler. Acho muito importante conhecer o passado e ver que ainda temos muito que lutar para mudar a sociedade. Muito já foi feito, porém, é possível ver que muitos comportamentos e preconceitos persistem. Parece absurdo pensar que ainda existam meninas sendo criadas para serem "belas, recatadas e do lar", esposas submissas e que seguem um padrão imposto, porém, são muitos casos assim.
    Adorei a sua resenha e fiquei muito curiosa para ler. Acho que leituras assim são importantes para aprender e desenvolver pensamento crítico.
    Beijos!

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  12. Gostei da sua resenha e me interessei pelo livro. Assim como vc, também não estou a frebte do movimento, mas defendo e apoio. Já falei MUITA besteira sobre feminismo e agradeço por todas que chamaram a minha atenção e me corrigiram. Também crescei em uma família conservadora e realmente não é fácil desconstruir a imagem e ideais que fui ensinada a seguir. Mas estou feliz porque aos poucos vou mudando isso. Sem dúvidas adicionei esse livro nos desejados <3

    Sai da Minha Lente

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  13. Olá.

    Que resenha incrível! E que livro incrível também! Infelizmente muitos assuntos do passado ainda assombram na atualidade e esse é um deles. O livro tem muito para ensinar, com certeza. Fiquei muito curiosa para lê-lo.

    Depois desse post lindo, aproveitei para te seguir, pois quero anotar mais dicas <3
    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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  14. Eu amei conhecer esse livro pelas suas palavras. E concordo com o que você disse sobre crescer em lar evangélico, conheço bem essas situações que você mencionou.
    Também concordo com você que é uma leitura recomendada para todos, não importa se homem ou mulher. Me parece ser o tipo de livro que nos leva a refletir sobre a realidade. Obrigada pela dica!

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  15. Os tempos são outros, mas estão longe de ser diferente viu, infelizmente ainda vejo tudo isso que citou acima acontecer. Me interessei muito em conhecer essa leitura

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  16. Oi, amei seu post! A capa do livro já tinha chamado minha atenção e vou anotar sua recomendação de leitura, também acredito que seja importante conhecer o passado para não repetir os mesmos erros atualmente.

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  17. Oii, tudo bom?
    Não conhecia esse livro, mas achei muito interessante o que ele traz. É realmente importante entender como tudo começou, e um pouco triste perceber que algumas coisas não mudaram, né? :/
    beijos

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  18. Oi, tudo bem? Que leitura mais interessante. Nunca entendi porque chamava "Anos dourados" mas sempre lembro da Globo mencionando essa época em algumas matérias. Com relação ao comportamento das mulheres na minha adolescência eu era a "jovem rebelde" e que não pensava em se casar. Todas as meninas da minha pensavam em casar, ter filhos, cuidar de casa e eu nunca me imaginei fazendo "só isso". Sempre pensei que a vida é muito mais do que apenas seguir regras impostas pela sociedade. Ótima resenha. Beijos, Érika =^.^=

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  19. Olha, Milca, eu me vi lendo sua resenha muito curiosa pela possibilidade dessa leitura, de verdade! Como você disse, também não sou de sair pelas ruas levantando bandeiras, mas reflexões acerca de sociedades e do nosso papel muito me fascinam! Parabéns pela postagem. De fato me acolheu! Lindo blog!
    Bjs!

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  20. Você tem razão muito se fala em feminismo, poucas pessoas sabem o que significa, muita gente com achismos. E Amada, quem disse que para defender um causa tão importante precisa ir às ruas? Cada um faz a sua parte e creia você faz muito.
    Quero muito ler este livro e vou.

    Bjo
    Tânia Bueno

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  21. Como eu gostei de ver o teu post! Eu também cresci em um ambiente conservador (na aparência, porque dentro de casa mesmo as coisas eram bem diferentes do que se mostrava para fora) e dia após dia aprendo um pouco mais a desconstruir conceitos e visões, de uns anos para cá eu mudei muito e hoje vejo que por ser mulher não sou obrigada a fazer algo que não queria, não sou obrigada a obedecer e abaixar a cabeça para o marido ou me rebaixar por qualquer motivo, hoje eu sei me posicionar. Vivemos em uma sociedade muito machista e, assim como você, eu também não vou às ruas fazer militância, mas sempre que posso falo sobre o assunto e converso com outras mulheres. Eu não conhecia esse livro ainda e agora quero muito ler. Hoje mesmo eu vi um post no IG sobre um livro falando sobre antifeminismo, a autora é uma deputada que fala que o feminismo engana as mulheres, como não li o livro não tenho como falar sobre ele e até quero ler para poder falar com propriedade.

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  22. Concordo com você, uma grande parte ainda desconhece a própria história, onde começou, qual classe alavancou. Você já leu Calibã e a Bruxa? Bom, acho que falar, de certa forma, num ato simbólico, é levantar bandeira, e respeito que nem todas estão nas ruas, mas em seu dia a dia, fazem algo produtivo para promover mudanças internas e externas, mudando, lógico, aqueles que estão em sua volta. Fico feliz em te conhecer e saber que você está tão disposta a promover mudanças internas, as mais difíceis, quem sabe um dia, nos encontramos nas ruas... Sobre o livro, conheci recentemente e está em minha meta de leitura, acho a proposta válida.

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