Posts in the category: Livros Nacionais
sexta-feira, março 27, 2020
A morte visita Lisboa - Fernando Perdigão
Sinopse: UM ASSASSINATO ABALA LISBOA. A vítima é uma imigrante brasileira e o detetive Andrade, de Copacabana, é chamado a colaborar na investigação. O policial de cor- panzil desconjuntado, temperamento irascível e retórica politicamente incorreta passa a protagonizar uma pregui- çosa, porém implacável, caçada aos criminosos. Destilando ironias, destratando colegas e pressionando testemunhas, Andrade devassa a comunidade de brasileiros expatriados, expondo segredos e vícios inconfessáveis. No caminho, acumula desafetos que, a contragosto, terão de se render ao seu “método” de tratar testemunhas como suspeitos e suspeitos como culpados. Um livro que mergulha em humor corrosivo o romance policial clássico, e toma partido disso para expor o preconceito e a intolerância na sociedade atual.
★★★★★/5
Bom, eu criei outro blog, porém aqui ainda terá várias atualizações, pois tenho algumas pendências com parceiros e compartilhar com vocês sobre essa leitura é uma dessas pendências e olha, que livro é esse?
A morte visita Lisboa é um livro um tanto interessante. Trata-se de um livro policial, porém com um detetive bem nem aí para o que está acontecendo. Preciso dizer que, como leitora assídua de livros policiais, A morte visita Lisboa me deixou impressionada pelo formato da história.
É daqueles livros que você chega ao final com uma sensação indescritível. Você só sabe que acabou de passar por uma história incrível com um personagem detestável, mas que você não consegue pensar em alguém diferente.
E amei o desenrolar da história e lá na capa de trás tem uma fala que define totalmente meu sentimento pelo Andrade: existem personagens que amamos odiar. É basicamente isso. Eu queria ser amiga dele. Andrade é um cara mau humorado igual a mim. A diferença é que eu não costumo destratar as pessoas, mas falou em ser irônica, aqui estou.
A questão maior que vejo em A morte visita Lisboa é que o Andrade é o retrato perfeito de grande parte da nossa sociedade. As intolerâncias que vemos no decorrer das nossas vidas é algo que já se tornou comum para quem pratica e para quem não liga para nada além de si mesmo.
É uma leitura bem tranquila, gostosa e que você com certeza vai amar. Os personagens secundários são muito divertidos e interessantes. Como eu disse, por ser um livro polcial você espera que tudo seja bem sério, mas aqui temos um tom de humor em cada página.
"-Hã? Ah, suas ex-empregadas. Como a senhora deve saber está havendo uma epidemia de mortes e o epicentro é o prédio construído por seu marido. A não ser que Dandra tenha um cemitério vudu no cubículo dela para enterrar a concorrência a polícia tem que considerar o óbvio."Deixo aqui a minha recomendação e espero que vocês gostem e aproveitem a leitura assim como eu aproveitei.
Título: A morte visita Lisboa
Autor: Fernando Perdigão
Páginas: 296
Ano: 2019
Editora: Ímã
I.S.B.N: 9788554946142
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terça-feira, março 03, 2020
Três Sóis - William Soares Dos Santos
“William Soares dos Santos (...), alcança neste volume maior densidade de sentido e abrangência temática, como se o poeta tivesse atingido o ápice do seu desempenho criativo.” Adriano Espínola, poeta membro da Academia Carioca de Letras
A relação entre o cosmos e a interioridade humana é o tema central do novo livro de poesias de William Soares dos Santos, vencedor do Prêmio Pen Clube do Brasil 2018 e finalista do Prêmio Rio de Literatura 2018 com Poemas da meia-noite (e do meio-dia) (Moinhos, 2017).
Dentro deste arco narrativo, o poeta divide seus versos em cinco partes, ou livros, de acordo sua unidade temática. Os títulos são: Três sóis, Eclipses, Os girassóis da juventude, O novo modus operandi do mundo, Memórias de junho e O jogo do poema. Cada livro é antecipado por uma gravura cuidadosamente escolhida, cujo significado simbólico – descrito em um glossário de figuras ao final do livro – dialoga com os poemas a seguir.
InconsequentesÉramos inconsequentes.Encantados com os jardins da primavera,nos esquecemos que a dor tambémviria nos visitar com a chegada do outono.
Poemas reflexivos, profundos, esclarecedores, místicos e até críticos no modo de viver no século XXI compõem este belo e riquíssimo livro de William Soares dos Santos, forte candidato a ganhar, na primeira leitura, o coração de seus leitores.
★★★★/5
A poesia é, sem sombra de dúvida, o meu calcanhar de Aquiles. Por anos tentei trazer a poesia para o meu cotidiano e confesso que foi uma luta imensa. Hoje, talvez com a maturidade, vejo a poesia de uma outra forma e Três Sóis veio para me mostrar que nunca é tarde para admirar a beleza dos poemas.Três Sóis, do escritor William Soares dos Santos, é uma reunião de belas palavras usadas de uma forma incrivelmente sensível e encantadora. Nos leva dese reflexões rotineiras até conhecimentos de fenômenos naturais dos quais não temos aqui em terras tupiniquins.
São seis livros, o que costumeiramente chamamos de capítulos, independentes, mas que seguem um único objetivo.
"Desejamos para esquecer,
para dar sentido à eterna lida,
ou para aprendermos que o que desejamos
não era um bem para a nossa vida?"
Não vou me estender quanto aos três sóis a que se refere, vou apenas resumir que é um fenômeno que acontece nos pólos do nosso planeta em alguns períodos do ano. Porém, sugiro a você, leitor, que dê uma pesquisada sobre isso, já que é algo impressionante e lindo. É algo que definitivamente eu preciso ver pessoalmente antes de morrer.
Quanto ao conteúdo de Três Sóis, William nos leva a seus pensamentos a respeito da vida, nos trás momentos de pura melancolia e nostalgia, além da crítica social.
O livro IV, "O novo 'modus operandi' do mundo" é extremamente ligado à nossa realidade e ao fato de que grande parte das pessoas é movida a likes. A aceitação, hoje, é baseada na quantidade de curtidas numa foto e na quantidade de amigos nas redes sociais. Não na vida real.
"O que faremos
com tantas imagens
em dispositivos eletrônicos
ou em nuvens de armazenamento
não assimiladas pelo tempo?"
O poema "Das mentiras que nos contam" é algo doloroso de ler, porém extremamente necessário. Sabe aquele homem de bem? A ideia de responsabilidade social? Pois bem, eu sempre tive em meu pensamento no quanto somos hipócritas nesse sentido. Acredito que não é necessário explicar do que estou falando.
Além da beleza das palavras, preciso citar o capricho que teve William na escolha das imagens que compõem a capa de cada um dos livros. São imagens que falam por si e que completam cada página. É prazeroso de ler, não é uma leitura arrastada e pode apostar que em poucas horas você devora esse livro.
Eu poderia passar horas escrevendo sobre a beleza que Três Sóis é. Mas preciso finalizar por aqui.
Espero que curtam de verdade a indicação de hoje.
Título: Três Sóis
Autor: William Soares dos Santos
Ano: 2020
Editora: Patuá
I.S.B.N: 9788582977743
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quinta-feira, fevereiro 06, 2020
1001 DICAS DE PORTUGUÊS – MANUAL DESCOMPLICADO - DAD SQUARISI E PAULO JOSÉ CUNHA
Sinopse: Notas
1 - Só se usa quantia para dinheiro. O certo, na frase lá de cima, é quantidade de tempo (p. 241).
2 - Apesar de se referir a fêmur, a forma correta é femoral (p. 125).
3 - Nem glamourizar nem glamurizar: a palavra correta é glamorizar (p. 138).
4 - O correto é confusão monstro. Como adjetivo, monstro não se flexiona em gênero nem em número (p. 197).
5 - Escreve-se seriíssimo (p. 262).
6 - O certo é xifópago (p. 306).
7 - Siamês é quem vem ao mundo no Sião, hoje Tailândia. Lá nasceram, em 1811, os gêmeos Chan e Eng, unidos um ao outro por uma membrana na altura do tórax. Os irmãos siameses viveram 63 anos. A medicina da época não dispunha de meios para separá-los.
(Fonte: Blog da Editora Contexto)
★★★★★/5
Esse foi um dos livros que recebi em parceria com a Editora Contexto e que fez uma grande diferença na minha vida. Ser professora de português às vezes é bem chato, já que as pessoas acreditam que somos dicionários ou gramáticas ambulantes.
Quando se trata de texto escrito é pior ainda, pois na oralidade nós conseguimos nos expressar e o tom de voz é uma grande ajuda. Mas na escrita, além de você ser cobrado mil vezes, ainda há quem goste de tirar os famosos prints para zoar com uma vírgula fora do lugar.
Graças a Deus eu nunca tive problemas com isso. Não ligo para uma coisinha ou outra. Somos humanos, não máquinas.
Mas a questão aqui é que no meu ambiente de trabalho eu gosto de ser o mais correta possível. Quando estou exercendo minha função aí sim preciso fazer correções e ter respostas para meus alunos.
Além de professora, ainda estou na difícil vida de concurseira. Não pretendo parar ainda e achei que 1001 Dicas de Português seria fundamental para o meu dia a dia.
Trata-se de um manual incrível com as melhores dicas da nossa língua. Eu achei o livro muito bem organizado - vai de A a Z - e bastante claro e objetivo. São dicas realmente úteis e muitas delas, sinceramente, eu nunca nem tinha imaginado. Aí de repente você se pega precisando usar tal palavra. Engraçado.
Também considero o livro 1001 Dicas de Português como um livro de curiosidades. É muito legal a forma como os autores colocam os exemplos e contam a origem de alguns termos que usamos e não pensamos sobre o motivo de usarmos atualmente.
1001 Dicas de Português meio que virou meu livro de cabeceira. Eu o levo para todo lugar e ele já está até amassado por conta disso. Sempre que preciso vou lá e faço uma consulta rápida e simples.
Fica minha recomendação e espero que vocês comprem e façam bom uso dessa maravilha.
Título: 1001 Dicas de Português
Autor: Dad Squarise e Paulo José Cunha
Páginas: 320
Ano: 2015
Editora: Contexto
I.S.B.N: 9788572449083
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segunda-feira, setembro 23, 2019
CRÔNICAS DESPIDAS E VESTIDAS - BETTY MINDLIN
Sinopse: A antropóloga Betty Mindlin compartilha nestas páginas suas experiências e impressões vividas entre povos indígenas e personagens intelectuais. O livro divide-se em duas partes. Na primeira delas, “Crônicas despidas”, a autora expõe uma variedade de assuntos relacionados ao universo indígena (vários povos aí contemplados). Com diversos mitos perpassando os relatos, suas crônicas despidas partem de suas próprias experiências teóricas e práticas entre os índios, que não cobriam o corpo em tempos antigos e para quem a nudez não era proibida. Nas “Crônicas vestidas”, personagens marcantes de diversas áreas do conhecimento – literatura, pintura, cinema – surgem, com “seus trajes habituais”, a partir do ponto de vista pessoal de Mindlin, por vezes com base na admiração que despertam nela, em outras, partindo de convivências verdadeiras. Assim, estas Crônicas despidas e vestidas são fragmentos do percurso de uma vida repleta de grandes momentos.
★★★★/5
Sou bastante fã de livros policiais e de terror/mistério, entretanto, desde que iniciei algumas parcerias com editoras e agências literárias, tenho procurado ler mais autores nacionais que escrevem sobre minorias e assuntos sociais. É extremamente importante para mim, como educadora, entender desses assuntos e estudá-los,
Dessa forma, quando vi no catálogo da Editora Contexto o livro Crônicas Despidas e Vestidas da antropóloga Betty Mindlin, fiquei bem curiosa para ler sobre o longo período de convivência da escritora com os povos indígenas.
Apesar do título indicar "crônicas", o livro não é realmente baseado em relatos do dia a dia da escritora, "o livro despido e vestido do título não descreve a situação indígena, não é uma narrativa, nem um balanço de sucessos e derrotas, ou uma denúncia, como a de Rubens Valente, em seu magnífico Os fuzis e as flechas. Contém alguns artigos já publicados, um bom número na revista Estudos Avançados. Os inéditos evocam relances, temas e pessoas que não couberam em nenhum relatório ou monografia, mas teimam em voltar à tona e à memória, livre expressão, como as velhas canções que de repente, sem motivo, entoamos depois de muito tempo." (Mindlin, blog da Editora Contexto).
Achei a proposta do livro incrível, quantas pessoas você conhece que viveram em uma comunidade indígena, nem que fosse por uma semana? O que sabemos a respeito dessas pessoas é o que a TV nos mostra, é algo bem superficial. E por mais que você não tenha aqui detalhes dessa convivência, você consegue sentir o quão especial é a relação.
Além disso, vou repetir aqui algo que eu sempre digo em relação a temas que fogem do nosso cotidiano: falar sobre é importantíssimo e eu vou fazer a minha parte divulgando livros como Crônicas Despidas e Vestidas.
Gostei bastante da leitura, pois mais uma vez pude viver dentro de um universo que não me pertence. Ler sobre povos indígenas nos faz refletir sobre o modo como essas pessoas normalmente são deixadas de lado, mesmo com toda a legislação garantindo os direitos mínimos e protegendo todos eles dentro do possível.
Hoje nós vemos com mais frequência os índios sendo retirados de suas terras para que nós, a população em geral, tenha todo o conforto que uma hidrelétrica pode oferecer. Assim como condomínios de luxo sendo construídos em terras sagradas para os indígenas.
É bem triste saber que é mais uma minoria não respeitada principalmente pelo detentor do maior cargo brasileiro de hoje.
Título: Crônicas despidas e vestidas
Autor: Betty Mindlin
Páginas: 216
Ano: 2019
Editora: Contexto
I.S.B.N: 978-85-520-0022-8
I.S.B.N: 978-85-520-0022-8
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