segunda-feira, junho 03, 2019
LIVRO | TELEFONE SEM FIO - VERA HELENA ROSSI
Uma tentativa de explicação ao que é tão difícil de explicar, tendo como pano de fundo os principais acontecimentos brasileiros dos anos 90 a 2000. Que passa pelo plebiscito sobre a monarquia; pela moda de dançar lambada, enquanto muitos tinham as economias ceifadas pelo Plano Collor; pela morte de PC Farias; pelo pedido de impeachment de Celso Pitta; pelo racionamento de energia durante o governo de FHC; pela eleição do Lula; pelo advento da internet. A narrativa traz muito sobre o modo de viver da classe média na cidade de São Paulo: a formação escolar, os apartamentos, as festinhas, as aulas de inglês, a faculdade, os empregos de vendedora no shopping, de jornalista, de professora de história, os freelas, as incertezas do quê pensar, com quem dormir, onde morar. (Por Ana Rüsche)
Faz um tempo que finalizei a leitura de "Telefone sem fio" e demorei para postar, porque confesso que ando meio desanimada com a vida. Mas isso é meio que normal por aqui.
Para ser sincera, não é desânimo. Depois de um tempo me deu um bloqueio criativo e não estava conseguindo colocar as palavras para fora. Ultimamente estou assim, mas vamos falar de livros, porque isso sim me anima mais que tudo.
Recebi da Oasys Cultural o livro Telefone sem fio da escritora Vera Helena Rossi e eu adorei cada página. Mais uma vez fica aqui minha gratidão eterna à Oasys por me permitir conhecer escritores nacionais incríveis e que infelizmente não conhecia antes.
A Vera tem uma escrita singular. Em "Telefone sem fio" acompanhamos a história de Alma Pontes, onde ela mescla relatos de sua vida desde a infância até a vida adulta, e conversas atuais, dirigidas em muitos momentos ao leitor. Particularmente gosto muito desse tipo de escrita, em que o leitor faz parte daquele enredo.
Alma, desde pequenininha, gostava de brincar de telefone sem fio, lembram disso? Para quem chegou depois, nada mais é do que uma frase simples que é passada de ouvido a ouvido, por várias pessoas e no final é revelada qual era a frase inicial.
O interessante é que normalmente essa frase não chega como era no começo. E, aliás, para Alma o legal da brincadeira era justamente mudar alguma coisa ali no meio do caminho.
Alma Pontes nos conta sua história de uma forma que você acaba se identificando com aqueles conflitos internos vividos ao longo da vida. Como os nosso relacionamentos nos moldam e afetam nossa vida adulta. Como jornalista, a escrita é bem presente na vida dela e, no caminho para o cemitério ela decide relembrar várias fases de sua existência que a levaram até aquele momento.
Carlos desliza as mãos grandes sobre o volante. Desligo o rádio. Não sou sempre assim. Particularmente hoje guardo em mim uma porção horrorizada e desconfortável de mim mesma. Se soubesse que algum dia tivesse que passar por isso, talvez terminasse tudo antes. Mas agora, do que de resto ainda sou, consigo apenas me prender a esta imagem que me foge e a este riso filhadaputa. Não quero pensar, desabafar silenciosa isso de inexato que me acaba. Depois do que me ocorreu de madrugada, descobri que meu único desejo é narrar de alguma forma do que sou feita, rabiscar meu passado com a mão esquerda no intento de compreender a razão do meu choro seco.
A narrativa se passa desde o ano de 1990 até 2010, portanto, várias situações importantes no Brasil daquela época são relembradas. A profissão de jornalista faz com que ela conte muito daquela época. Os anos 90 foram um marco na nossa história. Tivemos o caso PC Farias, o confisco das poupanças, e tudo isso é citado em seus relatos.
Alma, vivendo com sua mãe, a quem chama carinhosamente de senhora da sombra larga, e seu irmão Mauro passaram por muita coisa. Ela e o irmão sempre foram bem infelizes nos relacionamentos amorosos - o que acaba sendo um ponto importantíssimo de sua vida -, mas sempre tiveram boas amizades.
Foi um livro muito gostoso de ler e o final foi emocionante, apesar de você conseguir imaginar ao longo da leitura de quem é o enterro que Alma está indo.
Deixo aqui a minha indicação da semana e torço para que vocês se interessem por "Telefone sem fio". É um livro que faz você se apaixonar de verdade pela literatura nacional, pela riqueza que nós temos e normalmente não damos o real valor merecido.
À escritora (Vera): Obrigada por esse livro existir.
Título original: Telefone sem fio
Páginas: 216
ISBN: 9788582970850
Selo: Editora Patuá.
Título original: Telefone sem fio
Páginas: 216
ISBN: 9788582970850
Selo: Editora Patuá.
sábado, junho 01, 2019
MONTHLY: 9 IDEIAS PARA INICIAR O MÊS NO SEU BULLET JOURNAL
Tirando as teias de aranha deste humilde blog para ajudar você, querida pessoa que sonha com a vida organizada, a se organizar no mês de junho. Antes eu gostaria de contar como tem sido minha experiência em manter um bullet journal em dia.
Desde o ano passado estou bastante empenhada em manter meu bujo certinho e atualizado. Confesso que tem horas que eu penso em deixar tudo de lado e não anotar mais nada.
Mas, sabe, já virou um hábito. É tão relaxante parar algumas horas do meu dia para montar um layout novo, que acabo desistindo de desistir e no final, de um jeito ou de outro, consigo me sentir mais organizada com a ajuda dele.
Separei alguns lindos modelos que serviram de inspiração para mim e que certamente irão te inspirar também.
Vocês devem estar se perguntando onde está a foto do meu bullet journal, certo? Vou deixá-los curiosos, então se você quiser ver como ficou o layout do meu bujo de junho, recomendo que dê uma passadinha pelo meu Instagram (@blogsabeoinverno). Segunda-feira estará lá para que vocês vejam como ficou.
Espero que curtam esse post, até a próxima.
quarta-feira, maio 01, 2019
SÉRIE | DOENÇAS DO SÉCULO XXI
Até antes de assistir Doenças do Século 21, eu nunca nem tinha ouvido falar na maioria das doenças que a série apresenta. Impressiona o fato de que existam tantas doenças até então desconhecidas e que literalmente acabam com a vida de tanta gente.
Uma das doenças mostradas é causada pela radiação e pelas ondas elétricas que não vemos. Toda essa tecnologia, redes elétricas, fios de alta tensão causam muito desconforto e se você já assistiu Better Caul to Saul vai lembrar do personagem Charles "Chuck" McGill, que tem hipersensibilidade eletromagnética.
Já imaginou o que viver sabendo que o mínimo contato com o celular pode causar tantas dores e incômodos? E ainda ter que conviver com pessoas falando que é frescura. Não podemos duvidar do que a outra pessoa está sentindo, só nos resta respeitar.
Acredito que de tudo mostrado na série, a doença mais "aceitável" pela maioria das pessoas é uma doença adquirida por causa do mofo. Um dos especialistas complementa dizendo que a maioria dessas pessoas teve LYME - doença do carrapato - o que enfraquece o sistema nervoso e as deixa mais propensas a outras doenças.
Até hoje muitas pessoas duvidam que existam doenças como depressão, ansiedade, ataque de pânico. E olha que essas doenças são muito mais comuns hoje em dia, infelizmente. Agora você imagina tantas outras recém descobertas e que um número minúsculo de pessoas que as têm.
É só mais um grupo que será marginalizado durante muito tempo até conseguir voz. São as novas "frescuras".
É bem triste, mas essas doenças existem e a tendência é aumentar a quantidade de pessoas que as tem.
A série é bastante interessante e nos faz refletir acerca de como as coisas mudam de geração para geração. Ela é bem curta e está com uma temporada e aos fãs de documentários, coloquem na lista, depois contem o que acharam.
Até a próxima.
segunda-feira, abril 29, 2019
LIVRO | MULHERES NOS ANOS DOURADOS - CARLA BASSANEZI PINSKY
Sinopse: Não faz tanto tempo as mulheres eram classificadas em categorias como a “boa esposa”, a “moça de família”, a “leviana”, a “outra”, a “jovem rebelde”, a “rainha do lar”. Isso foi nos chamados Anos Dourados, apelido nostálgico do período que vai de 1945 a 1964 no Brasil. Neste livro fascinante a historiadora Carla Bassanezi Pinsky revela figuras de um tempo em que casar era indispensável, traições masculinas eram perdoadas em nome da harmonia conjugal e bons eletrodomésticos deveriam compensar a monotonia da existência das mulheres. Será que a sociedade mudou tanto de lá pra cá?
Estamos em uma época em que muito se fala em feminismo e luta de minorias, mas a maioria de nós mal sabe onde e por que tudo começou ou mesmo pelo quê estamos lutando.
Estamos em uma época em que muito se fala em feminismo e luta de minorias, mas a maioria de nós mal sabe onde e por que tudo começou ou mesmo pelo quê estamos lutando.
Quero aqui deixar uma coisa clara que ninguém perguntou, mas eu sigo achando importante falar: eu não costumo levantar bandeira, nem ir para as ruas. Você vai me ver sim falando com frequência em assuntos como "leia mulheres", "mulheres, unam-se", "poder feminino", mas eu sou uma mulher que adora ser mulher e que ainda assim vive inúmeros problemas femininos, tais como ter 30 anos e não ser totalmente independente do meu marido (ele dirige, eu não).
Mesmo não gritando aos quatro ventos, eu defendo o movimento e luto pelo meu espaço nesse mundão.
Além do mais, sou uma mulher que cresceu em um lar cristão, branco, hétero e conservador, ou seja, tudo o que é o "certo", portanto preciso me desconstruir a cada dia. Não desistam de mim e é por isso agarro cada oportunidade de aprender como foi/é nosso papel na sociedade.
Em Mulheres nos Anos Dourados podemos dizer que temos uma compilação de absurdos que deveriam ter ficado em uma época, mas que se perpetua até hoje, talvez em menos intensidade, mas com grande impacto.
O famoso "Jornal das Moças" ditava como deveria ser o comportamento das meninas da época, o que não é tão diferente das revistinhas teen que existiam até alguns anos atrás.
Enquanto fazia a leitura, eu lembrava de quando eu era criança e ia para a igreja evangélica. Não quero falar mal, mas passei por péssimas situações dentro da igreja, principalmente quando o assunto era ser "mulher" (entre aspas, visto o fato que eu era uma crianças, mas era tratada como uma adulta).
Muita coisa descrita ao longo de todo o livro, inclusive as piadas, que acontecia lá em 1950, acontecia ainda em 2002 no ambiente cristão. Era tudo tão parado no tempo. Uma roupa ditava quem você era.
Isso sem mencionar o papel das esposas. Impressionante o número de mulheres que me recordo hoje em dia que naquela época passavam por situações humilhantes apenas pelo fato de que deviam submissão ao marido. Os anos dourados devem ter sido duros e ainda bem que os tempos mudam.
Mulheres nos Anos Dourados é uma leitura incrível para que possamos aprender com o passado. É importante saber como foi antes para não cometermos os mesmos erros hoje em dia e também para notarmos o quanto a sociedade muda e evolui. Legal seria se todos lesse essa obra maravilhosa.
Claro que o livro trata de muitos outros assuntos, como namoro, infidelidade, métodos anticoncepcionais, sexualidade, etc. Apesar de muita opressão, também tivemos muitas conquistas nessa época, no Brasil em 1960 chega a pílula anticoncepcional e muitos casais já fazem o uso para evitar gravidez indesejada, mesmo que isso fosse um ato condenado pela igreja católica.
Estou recomendando a leitura para todo mundo, não importa de é mulher ou homem. Precisamos acabar de vez com a objetificação da mulher. Nós só queremos respeito e espaço.
Até a próxima.
Título original: Mulheres dos Anos Dourados
Páginas: 400
ISBN: 9788572448635
Selo: Editora Contexto
Compre na Amazon.
Título original: Mulheres dos Anos Dourados
Páginas: 400
ISBN: 9788572448635
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